Diario Editorial: A violência no campus Chegar à universidade está longe de entrar em espaço seguro para agregar conhecimento e estimular a convivência

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 26/05/2016 07:08 Atualizado em:

Agressões, estupros, trotes violentos e letais se tornaram episódios chocantes nos campus em algumas instituições de nível superior no país ou nas suas imediações. Chegar à universidade está longe de entrar em espaço seguro para agregar conhecimento e estimular a convivência de alunos, professores e funcionários. Cenas de brutalidade preocupam, indignam e exigem medidas eficazes.

Em 1999, Edison Tsung Chi Hsueh, calouro de medicina da Universidade de São Paulo (USP), morreu afogado, depois de ser jogado em uma piscina pelos veteranos, apesar de avisar que não sabia nadar. A violência sexual também ronda a instituição paulista. Em agosto do ano passado, os alunos fizeram uma passeata contra a onda de estupros.
 
Em 2006, um estudante de veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (MG) foi coberto de tinta e obrigado a deitar sobre um formigueiro. O episódio teve ampla repercussão e consternou o país. O jovem, com várias lesões no corpo, abandonou o curso e processou a escola. 

A Universidade de Brasília (UnB) não foge à regra. Desde 2010, foram nove casos de agressão, troca de tiros e estupros registrados no campus Darcy Ribeiro.  Em março, a morte de Louise Maria da Silva Ribeiro, no Laboratório de Ciências Biológicas, ampliou a lista de crimes ocorridos na instituição. 

Não é de hoje que se pedem providências aptas a tornar a universidade ambiente seguro para o estudo. Segurança não significa polícia no campus. Significa, de um lado, a adoção de medidas pedidas pela comunidade acadêmica. É o caso de iluminação de estacionamentos, jardins e passagens de professores, estudantes e professores. É o caso da instalação de câmeras que, tecnicamente monitoradas, são capazes de evitar tragédias.

Não só. A inteligência precisa ser convocada.  A análise do histórico de passagens pela polícia possibilita o acompanhamento psicológico de quem, eventualmente, possa oferecer risco à população estudantil. Sem ação efetiva apta a garantir a proteção do ir e vir, a universidade poderá se tornar refém do medo.


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