Editorial
Editorial: Infância em risco no país
As perspectivas para o segmento infanto-juvenil, que soma 61,4 milhões da população brasileira, entre menos de 1 e 19 anos, não são nada boas
Por: Diario de Pernambuco
Publicado em: 12/04/2016 07:03 Atualizado em:
De 2014 pra cá, o país vem perdendo conquistas importantes, sobretudo no campo social. O movimento desencadeado pelas políticas públicas para a eliminação do trabalho infanto-juvenil entrou em rota de retrocesso. Em 2014, na comparação com o ano anterior, aumentou em 143 mil o número de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, que ingressaram precocemente nas atividades laborais.
Mais de 60% dos 3,3 milhões de crianças e adolescentes ocupados estão nas regiões Nordeste (1.097.840) e Sudeste (1.021.943), segundo a publicação Cenário da Infância e Adolescência no Brasil 2016, da Fundação Abrinq, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2013 e 2014). A inversão negativa dos indicadores — crescimento em 4,5% do trabalho infantil em 2014 — ocorre depois de uma década de redução.
Diante desse quadro, o Brasil não conseguirá cumprir o compromisso de erradicar as piores formas de trabalho infantil neste ano e todas as demais até 2020. A infância será perdida em atividades ocultas e ilícitas, como as domésticas, a agricultura e a exploração sexual. As perspectivas para o segmento infanto-juvenil, que soma 61,4 milhões da população brasileira, entre menos de 1 e 19 anos, não são nada boas. Desse universo 44% estão em situação de pobreza — fator que os empurram para o trabalho precoce. As chances de recuperação desses jovens também são muito pequenas, pois ocupação compromete o desempenho escolar e as possibilidades de ascender social e economicamente.
O cenário é mais dramático ante o crescimento da violência no país. O estudo da Fundação Abrinq mostra que 19% dos homicídios no país são praticados contra os jovens, 80% deles com armas de fogo. Os danos das crises política e econômica têm repercursão profunda no futuro de uma geração. O estrago torna o Brasil menor pela incapacidade de proteger e garantir vida digna às crianças e aos adolescentes. Os dados impõem ao poder público a revisão das políticas sociais, a fim de que o lema Brasil, Pátria Educadora não seja mais dos muitos compromissos que se tornaram prisioneiros dos discursos, sem qualquer rebate na realidade dos menos favorecidos.
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