Entrevista Dilma Rousseff diz que não tem cara de quem vai renunciar A presidente defendeu o ex-presidente Lula e disse que pedido de prisão do MP de São Paulo "ultrapassa o bom senso"

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/03/2016 13:56 Atualizado em: 11/03/2016 17:48

Entrevista coletiva no Planalto

Publicado por Dilma Rousseff em Sexta, 11 de março de 2016

Após uma semana de turbulência política, a presidente Dilma Rousseff concedeu uma coletiva de imprensa no início da tarde desta sexta-feira. Rechaçou firmemente rumores de que iria renunciar e, se mostrando indignada, considerou que o pedido de prisão do ex-presidente Lula, feito ontem pelo Ministério Público de São Paulo, %u201Cultrapassa o bom senso%u201D. %u201CUm país como o nosso não pode assistir calmamente a um ato desse contra uma liderança política responsável por grandes transformações no Brasil%u201D, afirmou.

%u201CNinguém tem o direito de pedir a renúncia de presidente legitimamente eleito sem dar elementos comprobatórios de que eu tenha, de alguma forma, ferido qualquer inciso da Constituição. Não sairei deste cargo sem que haja motivo para tal. Quem quer a minha renúncia tem que proceder de acordo com a Constituição. Solicitar a minha renúncia é reconhecer que não há base real para pedir minha saída do cargo%u201D, disse Dilma, que antes da coletiva fez reunião com reitores dos institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia no Palácio do Planalto.

Com a insistência da pergunta sobre a renúncia, quando questionada "se estaria resignada", Dilma respondeu: %u201CVocês acham que eu tenho cara de estar resignada? Vocês acham que eu tenho gênio para me resignar e renunciar? Eu não estou resignada diante de nada e não tenho essa atitude diante da vida. Acho que essa onda de boatos não contribui e cria uma crise política negativa para a economia brasileira. Temos todas as condições de fazer a retomada. Pelo menos testemunhem que eu não tenho cara de quem vai renunciar%u201D, afirmou a presidenta, em entrevista coletiva.

A presidente não quis responder perguntas sobre uma possível ida de Lula para algum ministério, o que garantiria foro privilegiado ao ex-presidente. %u201CEu teria o maior orgulho de ter o presidente Lula no meu governo, porque ele é uma pessoa com experiência e com grande capacidade de formulação política, gerencial. Agora não vou discutir com vocês se vai ser ou não vai ser (ministro)%u201D.

Dilma também não quis tecer comentários sobre o promotor Cássio Conserino, responsável pelo pedido de prisão do ex-presidente. %u201CEle tem 25 anos de Ministério Público. Não me cabe discutir sobre o mérito disso%u201D. Também foi concisa ao falar sobre a movimentação de retirada do apoio do PMDB ao governo. %u201CO PMDB é um partido muito importante da minha base%u201D, disse, acrescentando que vai esperar a convenção do partido, que acontece neste fim de semana, para comentar o assunto.

A presidente também negou que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, esteja sob risco de deixar o cargo %u2013 e aproveitou para criticar a imprensa, afirmando que notícias especulando a saída do ministro são uma forma enfraquece-lo. %u201CTodo mundo está sujeito a críticas%u201D, resumiu. "Ou bem vivemos em uma democracia ou não vivemos%u201D.

%u201CManifestação é direito democrático%u201D, diz Dilma
Quando questionada sobre as manifestações contra o governo, marcadas para este domingo, Dilma fez um apelo para que as pessoas protestem de forma pacífica. %u201C(a manifestação) É um direito democrático e não deve ser manchado por atos de violência. Uma das vitórias da democracia brasileira é o direito de livre manifestação%u201D, afirmou.

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