Papel Cacareco, Mosquito e Macaco Tião: casos inusitados da votação manual Com a votação em cédulas, o Brasil já viu animais passarem dos 100 mil votos e um "prefeito mosquito" vencer

Por: Mariana Fernandes - Correio Braziliense

Publicado em: 01/12/2015 10:43 Atualizado em: 01/12/2015 11:51

Modelo da cédula eleitoral de Brasília nas eleições de 1990. Foto: Raimundo Pasco/CB/D.A. Press
Modelo da cédula eleitoral de Brasília nas eleições de 1990. Foto: Raimundo Pasco/CB/D.A. Press
O possível retorno das votações manuais para as eleições municipais em 2016, anunciado nesta segunda-feira pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), traz à memória dos brasileiros momentos curiosos ocorridos durante eleições. Com o antigo voto em cédula, o eleitor precisava apenas escrever o nome ou número do candidato em um papel selecionado pelo TSE. Os votos nulos eram então usados em forma de protestos e, além de conterem relatos de fraudes, protagonizaram grandes “micos” da política brasileira.

Em 1959, o Brasil registrou o primeiro caso de protesto nas eleições manuais. Um rinoceronte apelidado de "Cacareco" venceu as eleições para vereador de São Paulo. O partido mais votado recebeu cerca de 95 mil votos, enquanto o rinoceronte, sozinho, obteve aproximadamente 100 mil votos. Os pontos foram considerados nulos pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do estado. 

Em 1987, como forma de protesto contra a incapacidade do governo municipal de conter uma epidemia de dengue, a cidade de Vila Velha, no Espírito Santo, elegeu um inseto para ocupar a prefeitura local. O nome "mosquito" apareceu em mais de 29 mil cédulas. Mais uma vez, a Justiça anulou os votos e declarou vitória ao segundo colocado mais votado.

Outro fato curioso ocorreu em 1988, no Rio de Janeiro, desta vez com o Macaco Tião. O animal virou celebridade no país após receber mais de 400 mil votos dos eleitores para o cargo de prefeito da cidade, alcançando o que seria equivalente ao terceiro lugar entre 12 candidatos. Tião também foi parar no "Guiness World Records" como o chimpanzé a receber mais votos no mundo.

Burro, cachorro e cientista
O Brasil não foi o único a protagonizar candidatos bizarros durante as eleições. Nas eleições de 2012, um grupo de ao menos 40 pessoas tentou emplacar a candidatura de um burro como vereador da cidade de Guayaguil, no Equador. O Senhor Burro chegou a desfilar nas ruas da região, mas, obviamente, sua candidatura foi oficialmente negada pela Justiça Eleitoral. 

Nos Estados Unidos, um cachorro da raça Bull Terrier, chamado de Satchel, concorreu ao cargo de presidente do país. A primeira-dama? Uma galinha chamada Mãe Poulet. O caso rendeu repercussão internacional. A intenção foi alertar a população quanto à pouca atenção dada pelo governo à proteção dos animais. 

Não só os bichos protagonizaram os casos inusitados. O icônico cientista Charles Darwin foi utilizado pela população do estado de Georgia como protesto contra a candidatura de Paul Broun. Cerca de 4 mil eleitores votaram em Darwin para ocupar a cadeira do Congresso norte-americano. O candidato falso, entretanto, não chegou nem perto do oponente, que ganhou cerca de 250 mil votos.

Falta de verba no TSE
Por falta de dinheiro, as eleições municipais de 2016 serão realizadas manualmente. É a primeira vez que isso acontecerá desde 2000, quando todo o eleitorado brasileiro começou a votar eletronicamente. A informação de que o contingenciamento impedirá eleições eletrônicas foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira. Por meio de nota, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que mais de R$ 428 milhões deixarão de ser repassados para a Justiça Eleitoral, "o que prejudica a compra e manutenção de equipamentos necessários para as eleições de 2016". 

A portaria afirma ainda que ficam indisponíveis para empenho e movimentação financeira um total de R$ 1,7 bilhão para STF (R$ 53,2 milhões), STJ (R$ 73,3 milhões), Justiça Federal (R$ 555 milhões), Justiça Militar da União (R$ 14,9 milhões), Justiça Eleitoral (R$ 428,9 milhões), Justiça do Trabalho (R$ 423 milhões), Justiça do Distrito Federal (R$ 63 milhões) e Conselho Nacional de Justiça (R$ 131 milhões).


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