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Diario Opinião: presidente do Santa Cruz escreve sobre o acesso à Série A "Já não cabe dizer que 'é a torcida do Santa Cruz que tem um time'. Até mesmo esse velho bordão já não nos cabe"

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 23/11/2015 07:10 Atualizado em: 23/11/2015 07:26

Por Alirio Moraes
Presidente do Santa Cruz

Corria o mês de março deste ano. O Santa Cruz amargava a última posição do campeonato estadual. Mesmo assim, apresentamos as metas do nosso planejamento. Naquele momento, passei a escutar todos os dias a palavra delírio em um criativo trocadilho com meu nome de batismo.

Desde então, acertamos e erramos bastante. Tentamos não repetir esses erros. E insistimos em nosso principal acerto: priorizar a torcida em todas as decisões. Considerar e respeitar cada torcedor como único proprietário do clube e da sua imagem. 

A certeza de que todos os passos da caminhada que começava seriam dados lado a lado com “a torcida mais apaixonada do Brasil” era o que justificava a ousadia de nossas metas, todas realizáveis quando se procura fazer juntos com tantos homens e mulheres que amam o Santa Cruz.

Homens e mulheres que encontram um novo significado para sua paixão a cada vitória, a cada derrota, a cada vez que entram no Arruda ou seguem o time pelos estádios brasileiros. Homens e mulheres que jamais esperaram uma virada de mesa, um drible no regulamento, pelo contrário, nos piores momentos chamaram para si a responsabilidade e a tarefa de reerguer o time. 

Por saber que estaria ao lado desses homens e mulheres, entendemos que a única forma de respeitar seus sonhos e seus imensos esforços seria tecer sonhos à altura de tanta paixão. Somente imaginando o melhor no mais curto espaço de tempo, poderíamos colocar o Santa Cruz à altura de sua torcida.

Mesmo naquelas partidas em que o cimento do Arruda ficou esvaziado, estava presente a esperança daqueles milhares que, por qualquer razão, não podiam ir. Muitas vezes, honrar a esperança dos ausentes é tão importante quanto a confiança de quem sempre esteve por perto, cobrando, incentivando, exigindo e comemorando. Seria hipocrisia repetir o clichê e dizer que “nem em nossos sonhos mais otimistas imaginávamos o que vivemos nesse final de semana” - e ainda vamos viver até o próximo sábado. Mas foi exatamente isso que sonhamos. E não apenas isso.

Continuaremos a disputar títulos, escalaremos os íngremes degraus do futebol porque jamais estaremos sozinhos na perseguição das metas audaciosas, porém possíveis de serem alcançadas, afinal os desafios do futebol são construídos por seres humanos. E o que é humano, é possível ser realizado quando se tem a força de milhões e a força de tanto amor. Já não cabe dizer que “é a torcida do Santa Cruz que tem um time”. Até mesmo esse velho bordão já não nos cabe: hoje time e torcida são um só.


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