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Giro pelo mundo A vergonha que existe no Congresso de outros países

Por: Aline Moura - Diario de Pernambuco

Publicado em: 01/11/2015 16:36 Atualizado em: 01/11/2015 17:44

Diferentemente das práticas adotadas pela maioria dos deputados e senadores do Brasil, que ignoram os anseios da população, mas continuam se perpetuando no poder, a pressão por mudanças tem surtido efeito em outros países. Recentemente, por exemplo, o chefe de governo italiano, Matteo Renzi, conseguiu aprovar, no Parlamento, uma reforma histórica do Senado, diminuindo de 315 para 100 o número de senadores, uma redução maior que 70% e que valerá para as eleições de 2018. A Itália, que tem o Congresso mais inchado do mundo, avançou e cortou na própria pele.  Já nas terras brasileiras, falar em diminuir congressistas ainda é um tabu. E a reforma política é feita a conta-gotas só para beneficiá-los.

Na Inglaterra, para se ter uma ideia, o deputado conservador britânico Nigel Mills teve que se desculpar ao ser flagrado por um fotógrafo enquanto jogava Candy Crush Saga durante sessão parlamentar, em seu Ipad. Envergonhado pelo flagra, disse que o ato “nunca mais voltará a acontecer”. “Me desculpo sem reservas pelo meu comportamento na reunião da Comissão. Me dei conta que isto não é o que se espera de um membro do parlamento”, disse Mills. Num gesto bem oposto, um grupo de parlamentares no Brasil foi flagrado vendo fotos de mulheres nuas e um deles, João Rodrigues (PSD-SC), respondeu o seguinte: “tem muitos amigos que mandam muita sacanagem”, afirmou, sorrindo.

O professor Rogério Baptistini faz referência a outro país, os Estados Unidos, para citar a influência da cidadania. Segundo ele, o deputado Aaron Shock fez reformas no gabinete com verbas públicas e inspirações no seriado britânico Downton Abbey, mas teve de renunciar ao cargo em março, tamanha a crítica que sofreu. “Faço isso com o coração pesado”, afirmou o então deputado, ao anunciar a renúncia depois de investir US$ 40 mil no seu gabinete (R$ 152 milhões). A verba pública poderia ser usada e foi, mas ele sofreu consequências. 

Ainda nesta última semana, Dennis Hastert, ex-presidente da Câmara dos Representantes, também dos EUA, admitiu ao FBI ser culpado por mentir e negar ter sido vítima de uma chantagem. O ex-parlamentar, natural do estado de Illinois, era o segundo na linha de sucessão presidencial e caiu em desgraça por ter pago US$ 3,5 milhões a uma pessoa tratada como “Indivíduo A”, para esconder falhas do seu passado relacionadas a condutas sexuais.  Integrante do Partido Republicano, ele pode ficar até seis meses na prisão, segundo promotores.

De acordo com o professor Rogério Baptistini, a saída para acabar com os privilégios dos políticos (os aniversários de governadores ainda são chamados de beija-mão) têm de vir de baixo para cima, porque os que estão em cima dificilmente vão mudar as regras do jogo. Para ele, o país precisa de lideranças novas, o que exige não só educação como militância. Enquanto a política for coisa só de político, aliás, o Brasil vai mudar em câmera lenta e não haverá escândalo quando um deputado for flagrado jogando Candy Crush Saga.

 

Os parlamentos pelo mundo

Confira a composição dos Legislativos de seis países:

Argentina

329 parlamentares

Um deputado a cada
165 mil habitantes
Um senador a cada
591 mil habitantes

Estados Unidos

535 parlamentares

Um deputado a cada
747 mil habitantes

Um senador a cada 3,250 milhões de Habitantes

Brasil

594 parlamentares

Um deputado a cada
403 mil habitantes
Um senador a cada 2,552 milhões de habitantes

Alemanha

700 parlamentares

Um deputado a cada 126 mil habitantes
Um senador a cada 1,150 milhão de habitantes

Itália

951 parlamentares

Um deputado a cada 96 mil habitantes

Um senador a cada 188 mil habitantes

Reino Unido

1.441 parlamentares

Um deputado a cada 100 mil habitantes

Um senador a cada 82 mil habitantes



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