Crise na base
Dilma volta de Nova York com tarefa de definir as mudanças administrativas na Esplanada
Principal problema é relação entre PT e PMDB
Por: Paulo de Tarso Lyra
Por: Correio Braziliense
Publicado em: 29/09/2015 10:20 Atualizado em: 29/09/2015 11:43
Mesmo na crise, presidente tem investido em agendas internacionais. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR |
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Esta, inclusive, parece ser a única certeza nas mudanças desenhadas até o momento, com a ida do deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) para substituir o petista Arthur Chioro. Chioro, que desde a semana passada tem feito reuniões internas para despedir-se dos subordinados, deu entrevista ontem afirmando que, com os cortes orçamentários previstos para 2016, os recursos para financiar ações de média e alta complexidade do ministério só chegam até setembro, deixando três meses a descoberto.
Ciente da fragilidade da presidente Dilma e da explícita dependência do apoio do PMDB para se manter no cargo, os peemedebistas expõem suas faturas. Apoiado pelas bancadas de ambas as Casas do Congresso, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, praticamente assegurou a permanência no cargo. Os caciques da legenda também impuseram outras condições ao Planalto.
Eles fizeram, por exemplo, com que a presidente desistisse de fundir as secretarias nacionais de Aviação Civil e Portos em uma única pasta de infraestrutura, para que todos os apadrinhados fossem contemplados. Nas hostes peemedebistas, a expectativa é de que os deputados, além de Manoel Junior, emplaquem Celso Pansera (PMDB-RJ) na Secretaria Nacional de Aviação Civil.
Já os senadores mantêm Eduardo Braga em Minas e Energia, Kátia Abreu na Agricultura e devem conseguir nomear Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho, na Secretaria de Portos. “Portos ou Aeroportos, praticamente, tanto faz. O importante é a garantia de que Helder fica na Esplanada”, disse um cacique peemedebista.
Pansera é visto com maus olhos fora do PMDB. Durante depoimento à Justiça Federal no Paraná e em audiência da CPI da Petrobras no Congresso, o doleiro Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema de corrupção investigado na Operação Lava-Jato, acusou Pansera de ser “pau mandado de Cunha (Eduardo Cunha, presidente da Câmara) e de ameaçar a família do doleiro. “Youssef deveria ter saído algemado da CPI por ter desacatado um parlamentar”, disse um dirigente do PMDB. Para contemporizar, logo em seguida. “Se formos fazer uma análise crítica da bancada da Câmara, sobram poucos nomes para indicar”, divertiu-se o peemedebista.
Todas as demais mudanças continuam nebulosas. Dilma deixou ordens expressas, ao deixar o país, para que o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini; o assessor especial da Presidência Giles de Azevedo; e o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, continuassem as conversas com os aliados para evoluir nas negociações. “Nada andou sem a presidente no país. Vamos esperar que o retorno dela acelere esse processo”, disse um interlocutor de uma legenda aliada.
Estigma
Diante da enxurrada de especulação que fervilha a bolsa de apostas do governo federal, voltaram os rumores de que Aloizio Mercadante poderá deixar o cargo. A saída do principal ministro do governo é uma hipótese que sempre surge, mas que ninguém crava como verdadeira. “Ele está em uma situação complicada porque ficou estigmatizado. Todos os problemas do governo são atribuídos a ele, mesmo aqueles com os quais Mercadante não tem nenhuma relação”, brincou um negociador partidário.
Outro aliado tem plena convicção de que Mercadante fica onde está. “Ele apenas foi alijado desta reforma”, disse o líder partidário, jurando que o chefe da Casa Civil não foi substituído por outros petistas na articulação política. “Quem está conduzindo a reforma é a Dilma. Berzoini e Giles ficam ao lado dela, mas calados, sem dar palpites”, disse o parlamentar, mostrando que o estilo centralizador da presidente continua presente.
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