Operação Fair Play Oposição da Câmara do Recife promete ficar de olho nos desdobramentos das investigações

Por: Sávio Gabriel - Diario de Pernambuco

Publicado em: 17/08/2015 23:07 Atualizado em: 17/08/2015 23:30

Apesar de defender a cautela diante dos desdobramentos da Operação Fair Play, da Polícia Federal, que investiga irregularidades na construção da Arena Pernambuco, incluindo um possível superfaturamento de R$ 42,8 milhões na obra, a bancada de oposição da Câmara do Recife promete não deixar o tema passar em branco. O grupo deve se articular junto aos opositores da Assembleia Legislativa (Alepe) no sentido de solicitar dados que possam embasar os pronunciamentos na Casa de José Mariano. Isso porque o prefeito Geraldo Julio (PSB) era o presidente do Comitê Gestor de Parcerias Público-Privadas (CGPE), órgão que deu todos os avais para a construção do estádio.

“Iríamos nos pronunciar hoje, mas a bancada do PT resolveu esperar os desdobramentos disso. Vamos procurar o pessoal da Alepe para termos dados mais concretos, para que possamos falar (na tribuna) com números. Não adianta fazer apenas a denúncia”, destacou o petista Osmar Ricardo. Ele ressaltou, no entanto, que é preciso aguardar os próximos passos da investigação. “É preciso que ele (o prefeito) seja citado, para que possa ter o direito de defesa e a gente possa se manifestar”, complementou. Osmar ainda citou outros casos que estão sendo investigados, como as suspeitas de tráfico de influência, lavagem de dinheiro, entre outros, dentro da gestão do ex-governador Eduardo Campos.

Vice líder da oposição, a vereadora Isabella de Roldão (PDT) destacou que é preciso posicionamento por parte dos governos estadual e municipal. “Acho que está havendo um silêncio grande e que de fato precisa ser mais esclarecido. Temos acompanhado as notícias e, quando a gente se depara com essa realidade que a Polícia Federal está trazendo, é uma coisa muito séria”, pontuou, sem deixar de alfinetar a gestão municipal. “É a aquele ditado popular: enxergamos um cisco no olho dos outros, mas não uma trave nos nossos olhos”, disse, referindo-se às críticas que são feitas ao governo federal por conta da crise política e econômica.

Governo
O líder da bancada governista, Gilberto Alves (PTN), deixou claro que o nome de ninguém foi citado nas investigações da Polícia Federal. “Havia o comitê gestor, como ainda há hoje. Ele é composto por 10 instituições, como a Procuradoria Geral do Governo e as secretarias estaduais. O grupo não é composto por pessoas. Não são os CPFs que integram o comitê”, disse. “Não há acusação. Ninguém foi citado ou intimado. Não foi feita nenhuma ilação que levasse a participação, ainda que indireta, de qualquer uma das pessoas que estão sendo ventiladas”, enfatizou o governista.
 
Alves ainda afirmou que a gestão está “tranquila” em relação à investigação. “É uma grande oportunidade para que a gente possa tirar alguma dúvida em relação a todo o processo que deu origem à Arena”. Sobre a suspeita de superfaturamento, Gilberto Alves argumentou que o estádio construído em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana, foi o mais barato entre os empreendimentos que foram erguidos em todo o país. “A própria construtora (Odebrecht) está em litígio com o estado, por alegar um realinhamento de preço de aproximadamente R$ 250 milhões, mas que o governo não concorda. Então, nem essa acusação poderia ser feita, porque objetivamente não houve remuneração por parte do estado além daquilo que foi contratado inicialmente”.

Com relação à acusação da PF, de que o projeto básico foi elaborado e executado pela própria Odebrecht (que teve um ano para preparar o documento, enquanto as demais construtoras tiveram apenas 45 dias para analisar os dados), Gilberto Alves destacou que não existe nenhum impedimento na legislação. “Se alguém pede autorização para contratar um estudo, uma PPP, não impede que outra instituição não faça um requerimento para elaborar o projeto também. Se não fizeram, foi porque não quiseram”. O líder do governo ainda afirmou que houve antecedência prévia na publicação. “Aquela história de 45 dias não é verdade. Quando o estudo foi autorizado, publicado no Diario Oficial, naquele momento foi dado a todo mundo o conhecimento que estava também sendo processado o estudo em relação a uma eventual construção da Arena. A transparência está manifestada aí, desde o início do processo”.

No que diz respeito à articulação do bloco oposicionista, Alves voltou a reiterar que não há denúncia de participação de nenhum integrante do governo. “Estamos tranquilos. Agora, em relação a Arena em si, acho que é uma grande oportunidade que a gente tem de colocar em panos claros tudo o que está sendo colocado (os questionamentos)”. “Vamos poder mostrar que estamos tranquilos e que o processo foi todo dentro da legislação, que não houve agressão em nenhuma fase desse projeto”.

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