Efeitos da crise
Em Pernambuco, dinheiro da merenda é engolido pela inflação
Repasses federais não sofrem reajustes há no mínimo três anos e municípios têm dificuldades de bancar sua parte nessa cota
Por: João Vitor Pascoal - Diario de Pernambuco
Publicado em: 03/08/2015 11:04 Atualizado em: 03/08/2015 12:04
Escolas públicas estão buscando alternativas para refeições mais baratas. Foto: Bruna Monteiro/DP/D.A. Press |
O total recebido por cada estado e município é definido conforme o número de matrículas, quantidade de dias letivos, com valores diários variando entre R$ 0,30 e R$ 1. E nos últimos anos, o auxílio federal não tem sido reajustado nem para recompor as perdas com a inflação que somente neste ano está acumulada em quase 9%, gerando reflexos nos municípios. “O que eu comprava com R$ 50 mil, hoje eu compro com R$ 70 mil. A mercadoria subiu, subiu energia e transporte, que são insumos estratégicos na composição do custo da merenda”, afirma o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB). No município, a média de repasses para a alimentação diária de cada aluno foi de R$ 0,41. “Não gastamos menos de R$ 1”, aponta Patriota. Em Tuparetama, o cenário é parecido. O prefeito Dêva Pessoa (PSD) aponta que a prefeitura arca com cerca de R$ 300 mil anualmente para bancar a merenda. Os repasses federais totalizaram R$ 146 mil em 2014.
O prefeito de Cumaru e secretário-geral da CNM, Eduardo Tabosa (PSD), entende que além de aumentar e recompor a inflação, os investimentos feitos na merenda também deveriam entrar na soma dos 25% do orçamento que devem ser por lei, obrigatoriamente, investidos em educação pelos municípios. “O município precisa gastar um dinheiro que não tem”, afirma.
Em São Bento do Una, a prefeitura tenta aumentar a convivência dos alunos das 62 escolas municipais com alimentação saudável. Pequenas hortas são feitas e os produtos consumidos pelos alunos. De acordo com a prefeita Débora Almeida (PSB), além de gerar economia aos cofres municipais, a ação aumenta a empatia das crianças com os vegetais. “Os alimentos da horta que sobram, eles levam para casa. Alguns pais relatam que as crianças pedem para comprar esses alimentos que não tinham o costume de comer.” Ainda de acordo com a socialista, somente com gêneros alimentícios, o município investe mais de R$ 400 mil por ano. Esse valor é ainda maior se levado em conta gastos com água e pagamento de pessoal.
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