Legislativo Veradores do Recife aprovam verbas para novas secretarias da prefeitura Após uma espera de mais de três meses, novas pastas poderão utilizar o recurso já no mês de julho. Oposicionistas criticaram os projetos

Por: Sávio Gabriel - Diario de Pernambuco

Publicado em: 01/07/2015 22:35 Atualizado em: 01/07/2015 22:50

Apesar das queixas, durante a sessão nenhum governista esclareceu as dúvidas dos vereadores oposicionistas. Foto: Aguinaldo Leonel/Câmara do Recife
Apesar das queixas, durante a sessão nenhum governista esclareceu as dúvidas dos vereadores oposicionistas. Foto: Aguinaldo Leonel/Câmara do Recife
As secretarias municipais de Desenvolvimento e Empreendedorismo e de Combate ao Crack e Outras Drogas, criadas há três meses pelo prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), tiveram seus orçamentos (de R$ 31,6 milhões e R$ 12,2 milhões, respectivamente) aprovados na tarde desta quarta-feira (01) pela Câmara dos Vereadores. A votação aconteceu em meio a duras críticas da bancada oposicionista, que questionou a transferência de R$ 10 milhões da Secretaria de Infraestrutura para a pasta comandada pela tucana Aline Mariano.

“Como se retira essa quantia de um setor tão importante, justamente no período em que o Recife está em decadência devido às chuvas?”, questionou a vereadora Isabella de Roldão (PDT). Em seu discurso, ela deixou claro que é favorável à luta contra as drogas, mas afirmou que a criação da secretaria foi motivada por "interesses obscuros". "Se realmente fosse para enfrentamento ao crack, a pasta deveria ter sido criada no início da gestão", afirmou.

A pedetista também citou a construção dos Centros Comunitários da Paz (Compaz). "Quanto falta para a conclusão dos Compaz? Entendo que eles também são obras de enfrentamento e prevenção às drogas, mas tudo está parado. Aí a prefeitura não termina, já começa outra coisa, tirando dinheiro de onde não deveria, para poder viabilizar uma secretaria onde todos sabem o real objetivo", declarou.

Pelo texto original do projeto, R$ 8 milhões foram remanejados da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) e o restante é oriundo da Empresa de Urbanização do Recife (URB). "Esse é o grande equívoco do projeto. Os cortes deveriam ter sido na área de propaganda", afirmou o vereador Jairo Brito (PT).

O tucano André Régis questionou a quantidade de secretarias municipais. "Hoje existem 30. Segundo o raciocínio de alguns vereadores desta Casa, devemos ter uma nova pasta para cada problema que aparece na sociedade", destacou, acrescentando que para o combate ao crack não era necessária a criação de uma nova secretaria.

"Todas as ações municipais de combate às drogas estão na área de educação", disse Régis, acrescentando que a prefeitura "não cuida das crianças adequadamente, que crescem longe das escolas e acabam tendo contato com a droga". O tucano afirmou que cogitou o voto favorável ao orçamento, mas voltou atrás devido à falta de transparência. "Como vamos tirar R$ 10 milhões sem ao menos sabermos que ações foram cortadas? O que vai deixar de ser feito?", indagou. Na avaliação do vereador, os cortes deveriam ter sido feitos na área de custeio.

Na mesma linha de argumentação, o petista Osmar Ricardo lembrou que o ex-governador Eduardo Campos, morto em um acidente no ano passado, sugeriu que a presidente Dilma Rousseff enxugasse os ministérios. "Parece que o aprendiz de Eduardo não vem seguindo o que o próprio líder falou", disparou, afirmando que a criação da secretaria teve objetivos políticos.

Durante o debate, a bancada governista se mostrou completamente dispersa. Muitos vereadores estavam alheios ao debate, em conversas paralelas ou mexendo nos celulares. Nenhum vereador do governo respondeu aos questionamentos da oposição no plenário.

Empreendedorismo e Desenvolvimento
O orçamento para a secretaria comandada por Roseane Amorim também foi alvo de queixas da oposição. Isabella de Roldão subiu novamente ao plenário e afirmou que faltava transparência no projeto, já que não estava claro a origem dos recursos. Ela, inclusive, solicitou que o líder do governo, o vereador Gilberto Alves (PTN), respondesse aos seus questionamentos, mas o governista não se pronunciou.

Coube ao oposicionista Jairo Brito, assim como ao vereador Carlos Gueiros (PTB), explicar a origem do dinheiro. Eles afirmaram que a verba já havia sido aprovada no orçamento do ano passado, e que os recursos estavam sendo deslocados de uma secretaria para a outra (a secretaria de Desenvolvimento e Empreendedorismo foi desmembrada da pasta de Planejamento Urbano).

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