Grupo governista Frente Popular terá de enfrentar concorrência dentro do próprio grupo nas eleições de 2016

Por: Júlia Schiaffarino

Publicado em: 27/07/2015 10:21 Atualizado em: 27/07/2015 12:13

Prefeito Ettore Labanca deve renunciar para comandar a articulação política na Frente Popular. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A. Press
Prefeito Ettore Labanca deve renunciar para comandar a articulação política na Frente Popular. Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A. Press

A defendida “pluralidade” da Frente Popular em Pernambuco, formada por 21 partidos, alguns dos quais ideologicamente diferentes, traz hoje um cenário pré-eleições municipais no qual, em dezenas de cidades do estado, mais de uma liderança do grupo luta por ser “o candidato” no pleito de 2016. O momento não é de bater o martelo sobre nomes, mas fundamental para construir unidade. Não à toa, o governador Paulo Câmara (PSB) tem preenchido a agenda recebendo prefeitos no Palácio ou em viagens ao interior, ao mesmo tempo em que mexe na articulação política, inserindo Ettore Labanca - prefeito de São Lourenço da Mata, mas que deixará o cargo nas próximas semanas - na dianteira. Apesar disso, tanto ele quanto o PSB, cabeça da Frente, evitam qualquer afirmação aberta sobre o assunto, uma vez que sinalizar positivamente para um é comprar desafeto com vários outros.

Na lista dos arranjos que precisam ser feitos estão municípios de apenas dois protagonistas, como Igarassu e Lagoa Grande, onde o PSB poderá enfrentar, respectivamente, o PDT e o PSD. Há, também, casos que devem requerer maior cuidado na formulação de estratégia, como Jaboatão dos Guararapes, onde se especulam cinco nomes, sendo quatro de diferentes partidos, PSDB, PSB, PR e PP, e todos da base, ou mesmo Petrolina, também com cinco possíveis nomes, quatro dos quais do mesmo partido, o PSB. Ao contrário do que possa parecer, em um primeiro momento, porém, as cidades maiores e com segundo turno acabam sendo mais fáceis de solucionar, pois permitem uma pulverização maior, ao contrário das menores, onde a rixa política local tende a ser de difícil conciliação.

O secretário da Casa Civil, Antônio Figueira, é quem hoje responde por esse processo. “Essa é a maior Frente existente na política pernambucana e é a primeira vez que faremos uma eleição, assim, com mais de um candidato. Onde puder ter união, teremos. Mas temos a serenidade de saber que a disputa local nem sempre permite. O anseio é, então, permanecer com o máximo de aliados possível”, afirmou. Ele, pontua, no entanto, que a preocupação atual é a de enfrentar as dificuldades de 2015, incluindo a crise política “que preocupa a todos”, mas não desmente que muitos políticos têm batido à porta. “Claro que tem um ou outro ansioso, mas os prefeitos também estão focados em superar a crise atual”.

Avaliações periódicas do cenário

Além do trabalho da Casa Civil, a situação nas regiões tem sido levantada periodicamente, e isso caso a caso, pelo PSB. Reuniões para tratar do andamento disso também têm ocorrido com frequência e o partido mantém uma comissão que se debruça sobre o desafio de ampliar o território comandando pela sigla, hoje na administração de 59 prefeituras. Ainda assim, a maior movimentação é local, com os postulantes procurando fortalecer as articulações políticas, garantir alianças e formar chapa para vereador, pontos que podem ser decisivos na hora da escolha. Paralelamente, os olhos focam no calendário eleitoral.

A três meses de encerramento do prazo para troca de siglas com vista em candidaturas, a procura por fichas de adesão aumenta. Em Gravatá, por exemplo, cinco lideranças pertencentes à base de governo querem a prefeitura. Quatro deles, Ozano Brito, Fernando Rezende, Rafael Prequé e Waldemar Borges, do PSB. Pelo menos por enquanto. Enquanto Resende, que é vereador, estuda a ida para o PR, Prequé, vice-prefeito, poderia migrar para o PSD, o que faria a disputa socialista ficar reduzida a dois. Vale ressaltar, porém, que os dois partidos que poderiam servir de destino para eles também integram a Frente Popular.

Choques da Frente Popular

Algumas cidades onde a Frente Popular aparece com mais de um possível candidato para as eleições de 2016

Abreu e Lima
Pastor Marcos José (PSB)*
Flávio Gadelha (PSB)
Fábio Gadelha (PMDB

Cabo de Santo Agostinho
Indicado de Vado da Farmácia (PSB)*
Lula Cabral (PSB)
Betinho Gomes (PSDB)

Carpina
Carla Lapa (PSB)
Carlinhos do Moinho (PSB)
Marta Guerra (PMDB)
Moanoel Botafogo (PDT)

Caruaru
Indicado de José Queiroz (PDT)*
Raquel Lyra (PSB)
Tony Gel (PMDB)

Gravatá
Ozano Brito (PSB)
Fernando Resende (PSB)
Rafael Prequé (PSB)
Waldemar Borges (PSB)
Bruno Martiniano (sem partido)*

Jaboatão dos Guararapes
Indicado de Elias Gomes (PSDB)*
Heraldo Selva (PSB)
João Fernando Coutinho (PSB)
Anderson Ferreira (PR)
Cleiton Collins (PP)

Igarassu
Guilherme Uchoa (PDT)
Yves Ribeiro (PSB)

Lagoa Grande
Dhoni Amorim (PSB)*
Dr. de Iolanda (PSD)

Olinda
Luciana Santos (PCdoB)
Ricardo Costa (PMDB)
Antônio Campos (PSB)

Ouricuri
Cezar de Preto (PMDB)*
Marcelo Cavalcanti (PMDB)
Guga Coelho (PSB)

Petrolina
Indicado de Júlio Lóssio (PMDB)*
Lucas Ramos (PSB)
Miguel Coelho (PSB)
Fernando Filho (PSB)
Gonzaga Patriota (PSB)

Vitória de Santo Antão

Indicado de Elias Lyra (DEM)*
Aglaílson Júnior (PSB)
Henrique Queiroz (PR)

*Atualmente exerce o cargo de prefeito



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