Investigação Polícia investiga contratos suspeitos feitos por empresário que trabalhou na campanha do governador Fernando Pimentel Um dos mandados de busca e apreensão foi no endereço do ex-deputado Virgílio Guimarães (PT-MG)

Por: Eduardo Militão

Por: João Valadares - Correio Braziliense

Publicado em: 30/05/2015 16:18 Atualizado em:

Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG (Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG)
Foto: Gil Leonardi / Imprensa MG

Uma operação da Polícia Federal contra uma organização suspeita de superfaturar parte de contratos de R$ 500 milhões no governo federal colocou 400 homens nas ruas de quatro estados para cumprir 90 mandados de busca e apreensão e fazer cinco prisões em flagrante. Um dos detidos ontem foi Benedito Rodrigues Oliveira Neto, empresário ligado ao PT que já alugou uma casa para hospedar o comitê de campanha da presidente Dilma Rousseff. Um dos mandados de busca e apreensão foi no endereço do ex-deputado Virgílio Guimarães (PT-MG).

A investigação começou a partir da apreensão de R$ 113 mil em dinheiro vivo em um avião turboélice em outubro passado em Brasília, no qual estavam Bené e o ex-assessor do Ministério das Cidades Marcier Trombiere. Ambos foram presos ontem, assim como Victor Nicolato e Pedro Medeiros, porque, segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da PF em Brasília, Dennis Cali, os agentes detectaram o crime de associação criminosa. Foram apreendidos documentos que mostravam que eles trocavam mensagens entre si e continuaram a praticar crimes mesmo depois de outubro, quando da apreensão do avião.

O procurador da República Ivan Cláudio Marx disse que todos os mandados de busca “foram fundamentados em razão de as pessoas terem vínculos com a organização criminosa”. O juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Ricardo Leite, determinou ainda a apreensão do avião, avaliado em R$ 2 milhões. Também foram apreendidos R$ 98 mil, US$ 5 mil e 10 carros de luxo.

Bené é ligado ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, para quem trabalhou durante a campanha eleitoral no ano passado. Um dos mandados de busca e apreensão foi na antiga residência da primeira-dama, Carolina Oliveira, em Brasília. Sua empresa de assessoria de imprensa, a Oli Comunicação funcionava até o início deste ano em sala na Asa Norte, imóvel alugado por Bené, e que não tinha funcionários. A empresa também prestou serviços ao PT. Mas, segundo o delegado Dennis Cali, Pimentel não é investigado até o momento.

Ele disse que as cerca de 30 empresas do esquema estão registradas sempre no mesmo endereço ou são fantasmas – quase todas ligadas a Bené. A movimentação delas foi de pelo menos R$ 500 milhões desde 2005, para ministérios como Saúde, Cidades, Educação e Desenvolvimento Social. “Em pouco tempo, cinco ou seis anos, o faturamento cresceu de forma excepcional”, disse Cali. Relatórios do Tribunal de Contas da União (TCU) encontraram sobrepreço ou não prestação completa dos serviços nesses contratos. A Gráfica Brasil e a Due Promoções e Eventos são algumas das firmas de Bené arroladas pela PF. O objetivo da ação de ontem é também descobrir para onde o dinheiro continuou a correr depois de chegarem às empresas, algumas consideradas de fachada.

Surpresa

Em nota, o governador Pimentel disse que o governo de Minas não é objeto de investigação. O advogado da primeira-dama, Pierpaolo Cruz Bottini, disse que Carolina Oliveira “viu com surpresa a operação de busca e apreensão”. “Carolina acredita que a própria investigação vai servir para o esclarecimento de quaisquer dúvidas”, disse o advogado. A defesa de Bené e de Marcier só vão se pronunciar quando tiverem acesso aos autos da investigação. A reportagem não localizou Victor Nicolato e Pedro Medeiros.

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