Operação Lava-Jato Vice-presidente diz que Camargo Corrêa pagou R$ 110 milhões em propina para abastecer esquema de corrupção Segundo ele, os valores foram pagos entre 2007 e 2012 e o presidente da empresa, Dalton Avancini, tinha conhecimento de todo o processo de pagamento de propina

Publicado em: 18/04/2015 10:13 Atualizado em:

Eduardo Hermelino Leite , vice-presidente da construtora Camargo Corrêa, admitiu em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) que a construtora pagou um total de R$ 110 milhões em propinas para abastecer o esquema de corrupção e desvio de dinheiro na Petrobras, descoberto após a Operação Lava Jato.  Leite foi preso em novembro de 2014, na sétima fase da operação e solto após a Justiça homologar o acordo de delação premiada firmado com a Justiça.

De acordo com o MPF, durante o depoimento, Leite confirmou que do total de propinas, R$ 63 milhões foram destinados para a área de serviços da Petrobras e outros R$ 47 milhões destinados à diretoria  de Abastecimento, comnadanada à época do esquema por Paulo Roberto Costa. A diretoria de serviços era chefiada por Renato Duque e Pedro Barusco. A quantia, segundo Leite, foi desviada de várias obras da Petrobras.

De acordo com Eduardo Leite, o dinheiro para a propina vinha da própria Petrobras, mas não do superfaturamento imediato das obras, no momento da licitação. Segundo ele, o valor era inserido ao final das construções, como um custo extra da Camargo Corrêa, que entrava em contratos aditivos. A propina, disse ele, era paga com a subcontratação de empresas. Eduardo Leite disse ainda que essas empresas foram indicadas por Júlio Camargo e pelo doleiro Alberto Youssef. O valor recebido da Petrobras era passado a elas e, posteriormente, terminava com os funcionários da Petrobras.

Um dos contratos citados por Leite foi celebrado com a empresa Sanko Sider, já apontada por investigações da Lava-Jato. A empresa foi contratada para fornecer tubulações para a Refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná. O produto foi entregue, mas o valor cobrado foi maior do que o necessário, com a inclusão de gastos de "serviços fictícios". Leite afirmou que Youssef e o ex-deputado José Janene (PP), morto em 2010, apresentaram a empresa à Camargo Corrêa.

O vice-presidente da construtora também afirmou que os pagamentos se faziam necessários, já que a Camargo Corrêa corria o risco de não receber os valores contratados com a Petrobras ou mesmo quantias de contratos aditivos que fossem realmente necessários. Leite disse que Dalton Avancini, presidente da companhia, tinha conhecimento de todo o processo de pagamento de propina. Avancini foi detido junto com Leite, firmou um acordo de delação premiada e responde o processo em liberdade.

Renato Duque está preso em Curtiba, acusado de corrupção, entre outros crimes. Paulo Roberto Costa cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro, após ter assinado um acordo de delação premiada. Barusco, embora citado em vários trechos do depoimento, ainda permanece solto. Ele era subordinado a Roberto Duque e fez um acordo de delação, tendo devolvido mais de US$ 100 milhões aos cofres públicos.

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