5 anos consecutivos Seca impõe prejuízo e preocupa municípios de Pernambuco Prefeitos do estado, reunidos ontem na Amupe, temem que a situação se agrave ainda mais

Por: João Vitor Pascoal - Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/02/2015 10:13 Atualizado em: 11/02/2015 15:07

Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press/Arquivo
Foto: Blenda Souto Maior/DP/D.A Press/Arquivo

Os cinco anos consecutivos de seca no estado vêm deixando um saldo negativo para dezenas de municípios. Ontem, durante encontro entre prefeitos, que estiveram reunidos na sede da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) para as eleições da diretoria para o biênio 2015-2017, o assunto esteve presente e os gestores demonstram preocupação com a persistência da estiagem - mais 70 cidades entraram na lista das em situação de emergência após decreto do governo do estado semana passada. Reconduzido ao cargo, o atual presidente da instituição e candidato único, o prefeito de Afogados da Ingazeira, José Patriota (PSB), não sabe estipular quanto os municípios já perderam em reais em decorrência desse cenário, mas acredita numa redução de 70% da produção, ligada a atividades dependentes de água, nessas cidades afetadas. Hoje, às 10h, o conselho da Amupe se reúne com o governador Paulo Câmara, no Palácio do Campo das Princesas, para discutir algumas questões relacionadas aos municípios e a seca é uma das prioridades.

De acordo com José Patriota, a situação climática repercute diretamente nas atividades agropecuárias, dos grandes e também dos pequenos produtores. “O homem do campo tendo a chuva e água, ele faz uma pequena irrigação, cria um animal, ele se vira e consegue se manter. Sem a chuva fica muito difícil, ele não tem de onde tirar o sustento”.

O prefeito de Cumaru e representante da Amupe no Conselho Estadual de Combate à Seca – capitaneado pela Secretaria de Agricultura -, Eduardo Tabosa (PSD), aponta a ineficiência dos órgãos que deveriam ajudar no enfrentamento da estiagem como outro fator que aflige os municípios. “Há um desmonte completo de órgãos como o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas) e a Sudene”.

Em busca do aumento da representatividade dos municípios vitimados pela estiagem, a Amupe tem discutido a criação de um conselho regional de combate à seca formado por oito estados da região Nordeste – somente o Maranhão ficaria de fora por não sofrer com a estiagem. “Vamos criar um movimento de convivência com a seca, porque não adianta combater, você tem que criar tecnologias para conviver com ela”, pontua Tabosa.

Severino Otávio (PSB), prefeito de Bezerros, um dos municípios em estado de emergência, aponta que, caso a estiagem se mantenha pelos próximos 30 dias, a situação terá mais um agravante. “Se não chover nos próximos 30 dias, vai começar a escassez até de onde se traz a água”, afirma.

De acordo com José Patriota, em algumas regiões, a distância percorrida em busca de água já chega a 180 quilômetros. “O município percorre com o caminhão-pipa todo esse percurso porque as fontes estão esgotando”, afirma. Quanto mais distante é o manancial de água, maior o custo que deve ser arcado pelas prefeituras. “Estamos com um caminhão do PAC, cedido pelo governo federal, que faz somente dois quilômetros com um litro de combustível, aí a gente tem que abastecer, comprar água, pagar mão de obra”, relata a prefeita de São Bento do Uma, Débora Almeida (PSB).

Saiba mais

A realidade da seca em Pernambuco

70 novos municípios foram considerados em estado de emergência devido à estiagem, segundo decreto do governador Paulo Câmara, publicado no Diário Oficial do estado do último sábado. Foram incluídas cidades polo, como Caruaru, Garanhuns, Gravatá e Santa Cruz do Capibaribe

122 cidades compõe essa lista no total

As regiões mais críticas, comparadas com janeiro de 2014, são Agreste e Sertão, de acordo com a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac)

Este é o quinto ano consecutivo de seca enfrentado por Pernambuco

A maior barragem do Agreste, Jucazinho, também está à beira do colapso. Ela atende cidades como Caruaru, Bezerros, Gravatá e Toritama

O reservatório passou janeiro com menos que 15% de sua capacidade. No mesmo período de 2014, esse percentual era de 33%

Na Zona da Mata, o reservatório de Botafogo, em Igarassu, recebeu estado de alerta, resultando em racionamento de cidades da Região Metropolitana do Recife abastecidas por ele



MAIS NOTÍCIAS DO CANAL