AMÉRICA DO SUL
Maduro contesta relatório da ONU sobre transparência eleitoral na Venezuela
Relatório preliminar divulgado pela organização foi classificado como um ato de propaganda que serve aos interesses golpistas da extrema-direita do país
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 15/08/2024 16:04
Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Foto: Federico PARRA / AFP) |
Nesta quinta-feira, o governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, classificou o relatório preliminar divulgado pela Organização das Nações Unidas de um ato de propaganda que serve aos interesses golpistas da extrema-direita do país.
“A opinião emitida no seu relatório irresponsável não é mais do que um ato de propaganda que serve os interesses golpistas da extrema-direita venezuelana, com os quais interagiram constantemente antes, durante e depois das referidas eleições. O governo rejeita categoricamente este relatório preliminar, que difunde uma série de mentiras”, diz o comunicado do ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil.
A chancelaria venezuelana acrescentou que a atuação do grupo de peritos não teve ética, o que representa um ato absolutamente imprudente que mina a confiança nos mecanismos concebidos para a cooperação e a assistência técnica.
O relatório da ONU realizado por um painel de especialistas da entidade considerou que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) mostrou falta de transparência e integridade, que são fundamentais para qualificar como eleições credíveis. O relatório das Nações Unidas questionou as declarações do CNE, sem a publicação dos seus dados ou a entrega dos resultados tabelados aos candidatos. “Isso é sem precedentes nas eleições democráticas contemporâneas”, delata o documento.
O CNE anunciou a vitória de Maduro no pleito presidencial de 28 de julho com 52% dos votos, mas ainda não forneceu as atas eleitorais detalhadas de todas as mesas, como tem sido exigido pela comunidade internacional. A oposição alega que o seu candidato, o diplomata Edmundo González, foi o verdadeiro vencedor, por uma margem altamente elevada.
O governo da Venezuela, além disso, acusou o “falso painel de peritos” de terem tido contatos frequentes com o Departamento de Estado dos EUA, alegando por isso que não existe qualquer dúvida de que as suas declarações são produto das instruções hostis vindas da Casa Branca. “Este ataque à democracia, levado a cabo por falsos especialistas eleitorais, também falhará, e na Venezuela prevalecerão à justiça e o respeito pela vontade soberana do seu povo”, afirmou Yván Gil.
Até o momento, Edmundo González e a líder opositora María Corina Machado ainda não se manifestaram sobre o relatório.
Enquanto isso, a Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) reiterou hoje o apelo às autoridades do país que respeitem os direitos dos venezuelanos perante a incerteza dos resultados das presidenciais de julho. “A liberdade de expressão e a manifestação pacífica das suas posições políticas são direitos consagrados na Constituição Nacional e convidamos todos os venezuelanos a manter uma convivência sã e pacífica", pediu a CEV.
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