FRANÇA
Macron dissolve parlamento e convoca novas eleições na França após derrota
O presidente da França antecipou as eleições no país
Publicado em: 09/06/2024 16:47 | Atualizado em: 09/06/2024 18:10
Foto: AGENCY POOL / TF1 / AFP |
O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou neste domingo (9) eleições legislativas antecipadas na França, depois que o partido de extrema direita Rassemblement National (Reunião Nacional, RN) obteve quase um terço dos votos na votação para o Parlamento Europeu.
"Em alguns instantes, assinarei o decreto de convocação das eleições legislativas, cujo primeiro turno ocorrerá em 30 de junho e o segundo turno em 7 de julho", disse Macron em uma mensagem televisionada apenas uma hora após o fechamento dos colégios eleitorais.
O candidato de extrema direita francês, Jordan Bardella, de 28 anos, obteve entre 31,5% e 32,4% dos votos, seguido de longe pela candidata de situação Valérie Hayer (15,2%) e pelo socialista Raphaël Glucksmann (14% a 14,3%), de acordo com estimativas dos institutos de pesquisa Ifop e Ipsos.
"Esta tarde trouxe um vento de esperança para a França e está apenas começando", comemorou Bardella, que havia pedido ao presidente a dissolução da Assembleia Nacional (câmara baixa francesa) e eleições antecipadas, diante de seus simpatizantes.
"Emmanuel Macron é esta noite um presidente enfraquecido" por esta "derrota estrondosa" e "não pode permanecer surdo à mensagem" enviada com esses resultados, acrescentou o candidato de extrema direita. "Esta derrota sem precedentes marca o fim de um ciclo", assegurou.
O resultado das eleições europeias "não é um bom resultado para os partidos que defendem a Europa", "o crescimento dos nacionalistas e demagogos é um perigo para nossa nação", alertou Macron durante a mensagem televisionada.
A vitória de Bardella representou um duro golpe para Macron e seu primeiro-ministro, Gabriel Attal, que se envolveram amplamente na reta final da campanha com o objetivo de frear a extrema direita, que segundo o presidente francês poderia "bloquear" a União Europeia.
O resultado do RN, um dos melhores de sua história, confirma os esforços de sua líder, Marine Le Pen, para dar uma imagem mais moderada ao partido que herdou em 2018 de seu pai, Jean-Marie Le Pen, conhecido por seus comentários racistas e antissemitas, e pode impulsionar suas chances para a eleição presidencial de 2027.
Em 2022, Macron venceu Marine Le Pen no segundo turno das eleições com 58,54% dos votos, quase oito pontos a menos do que em 2017, quando derrotou sua rival com 66,1% dos votos.
Mas meses após sua reeleição em 2022, o presidente francês, que não poderá se candidatar em 2027, perdeu a maioria absoluta nas eleições legislativas e o RN se tornou o principal partido da oposição na câmara baixa.
"O macronismo está acabado"
Em um contexto de ascensão da extrema direita na União Europeia, o partido herdeiro da Frente Nacional (FN) escolheu novamente como cabeça Bardella, cuja imagem e biografia cuidadosamente elaboradas parecem romper com a história de seu partido.
Bardella nasceu em uma família de origem italiana e cresceu sob os cuidados de sua mãe em um prédio de habitação social nos subúrbios de Paris. Em 2021, ele chegou à presidência do RN, embora a líder de fato seja Marine Le Pen.
A aposta neste jovem convenceu desde o início os franceses, de acordo com as pesquisas, e rondou os 33% dos votos durante semanas. Seu programa foi o tradicional da extrema direita contra a "imigração em massa" e a "desintegração da França".
Além das listas lideradas por Bardella, Hayer e Glucksmann, os outros partidos que conseguiram representação no Parlamento Europeu pela segunda maior economia da UE são França Insubmissa (esquerda radical, de 8,3% a 8,7%) e Os Republicanos (direita, de 7% a 7,2%), segundo as estimativas.
O Reconquista (extrema direita) e os ecologistas do EELV estão em torno de 5%, o limite para obter representação eleitoral. A soma do RN e do Reconquista sugere que a extrema direita se aproxima dos 40% dos votos na França.
"Pode-se ver que o macronismo está acabado", celebrou o líder dos Republicanos, Éric Ciotti, cujo partido de direita tradicional apoiou, no entanto, as principais leis de Macron, como a reforma migratória e o aumento da idade de aposentadoria.
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