TRAGÉDIA
Novas inundações no Afeganistão causam mais mortes
Na província de Ghor, no oeste do país, as fortes chuvas na última sexta-feira mataram 55 pessoas, de acordo com um balanço oficial provisório
Por: Isabel Alvarez
Publicado em: 20/05/2024 12:29
Moradores afegãos removem lama de uma casa após inundações repentinas na aldeia de Baklak, no distrito de Dahaneh-ye Ghowri, na província de Baghlan (Foto: ATIF ARYAN / AFP ) |
Segundo o porta-voz, Asmatullah Muradi, da província Faryab, no norte do Afeganistão, as inundações do fim de semana causaram mais 66 mortos. "Cinco pessoas ficaram feridas, oito estão desaparecidas e mais de 1500 casas foram danificadas", acrescentou.
Já na província de Ghor, no oeste do país, as fortes chuvas na última sexta-feira mataram 55 pessoas, de acordo com um balanço oficial provisório, enquanto mais de 3 mil casas foram destruídas, 4 mil foram parcialmente danificadas, 2 mil lojas ficaram submersas, e centenas de hectares de terras agrícolas foram devastados na capital da província, Feroz-Koh. De acordo com o porta-voz da polícia de Ghor, Abdul Rahman Badri, ainda não há dados disponíveis sobre o número de feridos na tempestade. Além disso, diversas estradas importantes permanecem bloqueadas devido às inundações.
As chuvas torrenciais também causam estragos no centro do país, que ainda se recupera das inundações que mataram centenas de pessoas na semana passada. Milhares de casas foram destruídas e grandes extensões de terras agrícolas estão alagadas. Praticamente nenhuma região afegã foi poupada das alterações climáticas, que começou há meses com uma seca histórica e em meados de abril as chuvas desencadearam cheias que deixaram numerosas mortes em cerca de dez províncias.
O Afeganistão ainda busca se recuperar do impacto das inundações repentinas que atingiram a província de Baghlan, no norte, na semana passada. De acordo com as autoridades locais, as enchentes devastadoras provocaram pelo menos 315 mortos, 1.600 feridos e inúmeros desaparecidos. Os sobreviventes ficaram sem casa, sem terra e sem fonte de subsistência, relatou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Dos mais de 40 milhões de afegãos, 80% dependem da agricultura para sua sobrevivência e as chuvas atuais submergiram grandes áreas de terra e destruíram milhares de plantações.
Mas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) também informou que o mau funcionamento da Internet impede de se ter conhecimento da verdadeira situação e extensão da tragédia em algumas aldeias muito isoladas. "As organizações humanitárias continuam a enfrentar grandes problemas de acesso nas zonas afetadas devido aos danos generalizados nas infraestruturas, estradas e pontes", comunicou a OMS.
“E isto se aplica a todas as províncias deste país, que é um dos mais pobres do mundo, e onde os esforços de emergência e socorro sofrem de uma enorme falta de recursos financeiros. Com estes padrões climáticos erráticos, tem havido uma catástrofe atrás da outra, mergulhando a população na pobreza extrema", alertou Timothy Anderson, responsável pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) no país.
O Afeganistão é um dos países mais pobres do mundo e mais vulneráveis às mudanças climáticas, além de ser um dos menos preparados para suas consequências. O país enfrenta uma escassez de fundos de ajuda, que se agravou profundamente após a tomada de poder dos Talibãs, em 2021, logo depois da retirada das forças estrangeiras do território.
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