GUERRA

Conflito entre Hamas e Israel completa 200 dias

No dia 7 de outubro, militantes do grupo mataram 1.200 pessoas em território israelense e capturaram cerca de 250 reféns

Publicado em: 23/04/2024 15:47 | Atualizado em: 23/04/2024 16:35

Conflito teve início com o mais grave ataque já promovido pelo grupo Hamas contra os israelenses, no dia 7 de outubro (Foto: MAHMUD HAMS / AFP)
Conflito teve início com o mais grave ataque já promovido pelo grupo Hamas contra os israelenses, no dia 7 de outubro (Foto: MAHMUD HAMS / AFP)
Hoje completa 200 dias desde o ataque sem precedentes do Hamas e Israel, que desencadeou a guerra. No dia 7 de outubro, militantes do grupo mataram 1.200 pessoas em território israelense e capturaram cerca de 250 reféns. 
 
Durante uma trégua de sete dias em novembro passado, ao todo 105 reféns foram libertados pelo Hamas, enquanto 240 palestinos, em sua maioria mulheres e menores, foram soltos de prisões israelenses. A maior parte era mantida detida sem ter sido ainda julgada. Durante um combate em Shejaiya, em Gaza, soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI) erroneamente identificaram três reféns israelenses como uma ameaça e as tropas dispararam contra eles, que morreram. Atualmente, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, estima que 25 já tenham sido mortos e aproximadamente 107 devem te sobrevivido.
 
Excetuando a breve trégua, desde então Israel prossegue uma ofensiva militar em larga escala no enclave. Apesar das tentativas para alcançar um cessar-fogo, as negociações entre as partes e os países mediadores não chegam a um acordo.
 
Segundo o jornal israelense The Times of Israel, 600 soldados do país morreram desde o início da guerra, alguns por ‘fogo amigo’ e as FDI calculam que 1.500 ficaram feridos nos conflitos. 
 
Em Gaza, morreram mais de 34 mil palestinos, em sua maioria mulheres e crianças, além de quase 78 mil feridos e milhares de desaparecidos. As condições humanitárias no enclave são catastróficas e há mais de um milhão de deslocados. “O risco de fome na Faixa de Gaza é muito elevado, especialmente na sua região norte”, alertou David Satterfield, enviado especial dos Estados Unidos para os assuntos humanitários.
 
Troca de acusações
 
As forças de Israel também negaram nesta terça-feira serem responsáveis pelas eventuais execuções e enterro de mais de 300 pessoas em valas comuns nos terrenos do Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza. Mas, reconheceram ter exumado corpos em outubro para tentar encontrar e identificar os reféns.  “A acusação de que as Forças de Defesa de Israel enterraram corpos palestinos é infundada”,  comunicou as IDF, acrescentando, no entanto que, em outubro, apos terem desenterrado e examinado corpos, os devolveram onde antes se encontravam.
 
“Os exames foram conduzidos cuidadosamente e exclusivamente em lugares onde os serviços de informações tinham indicado a presença de possíveis reféns. Esses exames foram respeitosos, mantendo a dignidade dos falecidos”, asseguraram as IDF.
 
As declarações acontecem após as acusações de autoridades palestinas relatarem que encontraram 283 corpos em valas comuns nos terrenos do Hospital Nasser esta semana, depois da saída do estabelecimento das tropas israelenses. Além desses, foram ainda achados 30 corpos nos terrenos do hospital Al-Shifa, local que as IDF se aquartelaram.
 
O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Turk, expressou estar "horrorizado" com a descoberta dos cadáveres. “Sentimos a necessidade de fazer soar o alarme porque foram claramente descobertos múltiplos corpos. Alguns deles tinham as mãos atadas, o que obviamente indica sérias violações das leis internacionais dos Direitos Humanos e das leis humanitárias internacionais, pelo que devem se realizar mais investigações”, declarou Ravina Shamdasani, porta-voz de Turk.

Shamdasani acrescentou que o departamento de Direitos Humanos da ONU está  averiguando as afirmações das autoridades palestinas, segundo as quais alguns dos corpos estavam enterrados sob pilhas de lixo e incluíam mulheres e idosos. "A investigação deve incluir investigadores internacionais. Os hospitais têm uma proteção muito especial ao abrigo do direito internacional humanitário. A morte de civis, detidos e outras pessoas à margem dos combates é um crime de guerra", afirmou Turrk.

Turk também denunciou a morte de civis após os últimos ataques na cidade de Rafah, no sul do país, na fronteira com o Egito, destacando que 18 crianças mortas no último domingo. "Os líderes internacionais estão unidos em torno do imperativo de proteger a população civil encurralada em Rafah", apontou Turk, que insistiu que uma operação militar contra a cidade resultaria em mais violações do direito humanitário internacional, bem como em mais mortes, feridos e deslocações em grande escala.
 
Já a Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) divulgou hoje a detenção de pelo menos 1.506 palestinos em Gaza, incluindo 84 mulheres e 43 menores, e alertou que muitos poderão ter sofrido maus-tratos e abusos. “São numerosos relatos de detenções, maus-tratos e execuções forçadas, além do possível desaparecimento de milhares de homens e mulheres", diz a UNWA.
 
Enquanto isso, o exército israelense anunciou que prepara novas operações militares no norte de Gaza e ordenou a evacuação de parte do campo de refugiados de Beit Lahia.
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