VENDAS

Com receio do consumidor, varejo do estado cresce pouco

Publicado em: 14/05/2019 08:39

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil )
O volume das vendas do varejo pernambucano desacelerou. A taxa mostrou variação modesta de 0,2% no indicador mês para março em relação ao mês anterior, enquanto que em fevereiro de 2019 o crescimento foi de 2,5%. O resultado nacional ficou em 0,3% para o mesmo período. O valor próximo a zero sinaliza um cenário conservador da população, já que o período carnavalesco pernambucano é um dos mais fortes do país na atração de turistas e na elevação do consumo da própria população nativa, refletindo assim falta de confiança na economia. O cenário também reflete forte desemprego, com o estado apresentado uma das mais altas taxas do país além de elevado saldo negativo de empregos formais, colocando grande parcela da população em situação difícil, seja com orçamento restrito devido a falta de empregos formais, com um renda mais baixa porque se encontra na informalidade ou gerenciando negócios por conta própria criados pela necessidade de se ter uma renda mais rápida. Os segmentos que conseguirem se manter no positivo foram artigos farmacêuticos, cosméticos, combustíveis, veículos e material de construção. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do IBGE, divulgada ontem.

Rafael Ramos, economista do Instituto Fecomércio, explica que número negativo é importante e traz a relevante informação de que existe um movimento de desaceleração em curso, iniciado em março de 2018, podendo apresentar piora nos próximos meses atingindo até mesmo o desempenho das vendas do dia das mães, que ainda é a segunda data mais importante em volume de vendas para o varejo. "É importante frisar de que a percepção em relação a melhora econômica vem ficando mais rápida, no mesmo período do ano anterior a expectativa de melhora na economia começou tão positiva quanto em 2019, porém custou mais a cair, este ano a confiança recuou de maneira bem mais rápida, impactando o comércio em maior proporção", afirma.

O segmento que mais influenciou a queda no comparativo mensal foi o de “Livros, jornais, revista e papelaria”, com queda de -50,4% o setor vem se aprofundando em uma crise, porém não mais por falta de consumo ligado às condições financeiras da população, mas por uma mudança no hábito das pessoas, que atualmente se inclinam a consumir mais produtos digitais, jogando assim o setor em um momento de necessidade de inovação. Seguido dos setores de “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação” (-17,2%), com o câmbio ainda mantendo-se desvalorizado, os equipamentos que são em sua maioria importados ou possuem grande parte dos componentes trazido de outros países continuam com preços mais elevados segurando as vendas, “Tecidos, vestuários e calçados” e “Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo”, refletindo o comportamento mais conservador da população que voltou a segurar consumo mesmo em um período de festa. Na outra ponta, apenas o segmento de “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos” ficou positivo, crescendo 14,2% ante o mesmo período de 2018.

O economista ressalta, porém, que apesar da desaceleração, a atual conjuntura econômica do estado sinaliza um cenário bem mais positivo no segundo semestre de 2019. Isto porque grandes obras ligadas à construção civil, com força para gerar milhares de empregos diretos e indiretos, trarão um aumento na massa salarial e consequentemente no nível de consumo da população. Já o Varejo Ampliado pernambucano, setor que agrega todos os índices do varejo mais as atividades de "Veículos, motocicletas, partes e peças" e "Material de construção", conseguiu resistir ao movimento de menor consumo da população no estado. As vendas no indicador mês subiram 1,1% em pernambuco, se igualando ao crescimento brasileiro no mês de março. 

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