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Quando a profissão escolhida é vender sonhos

Ranieri deixou de lado a profissão de advogado para investir na carreira de vendedor de carros. Hoje, são 30 anos colecionando desejos realizados

Publicado em: 26/08/2018 11:00 | Atualizado em: 23/08/2018 22:10

Foto: Gabriel Melo/Esp. DP

Geralmente, os homens têm uma relação de intimidade com os carros que surge através dos brinquedos já nos primeiros anos de vida. Com o tempo, essa convivência esfria ou esquenta. No caso do empresário Ranieri Nogueira, transformou-se em uma paixão na adolescência e, na fase adulta, em um meio de vida. Ele não titubeou em guardar o diploma de Direito, seguir o coração e montar sua própria coleção de automóveis, na qual "brinca" de comprar carros usados, dar "um banho de loja", como gosta de dizer, e depois vender sonhos de consumo de tantos pernambucanos que já foram ao pátio da Disbrave, na Madalena, nesses 30 anos de existência da loja - abriu as portas em 17 de agosto de 1988.

Três décadas depois, Ranieri não se arrepende da escolha que fez no passado. Cursou Direito mais por uma tradição familiar e precisou convencê-la do que escolheu para a sua vida. Topou começar a trilhar essa carreira trabalhando para os outros, como vendedor de carros durante quatro anos. Foram dois deles na Olinda Motor e, depois, o mesmo período na Arraial Veículos. Foi nesse último onde, com autorização do proprietário da loja, começou a comprar e vender uma cota de quatro automóveis por conta própria. A experiência deu certo e foi o sinal verde para Ranieri pisar no acelerador e trocar a farda de empregado pela roupa de empresário.
"É um amor que não sei como surgiu. Desde a adolescência, meu sonho era trabalhar comprando e vendendo carros. O diploma foi mais para contentar a família. Mas meu sangue sempre foi empreendedor. Como vendedor, eu era campeão de vendas. Era uma satisfação muito grande. Não pensava no ganho financeiro", conta Ranieri.

Nesses 30 anos, Ranieri desenvolveu algumas técnicas para adquirir os veículos usados que serão reformados para voltarem à vitrine com aspecto de um zero quilômetro e um preço muito mais acessível que os mesmos modelos nas concessionárias de novos. "Eu me pergunto ali mesmo, na frente do carro, se eu fosse comprar, iria gastar meu dinheiro com aquele veículo? Se eu não acreditar que seja uma boa compra, enquanto consumidor, nem adianta fazer isso como investimento, porque não conseguirei vender algo em que não acredito", enfatiza.

"Hoje, já tenho uma maturidade muito boa. Vendo para poder comprar e analiso tudo muito bem, porque, antes, a vontade de ganhar tirava o medo de perder. Mas hoje tenho uma atitude coerente e não me arrisco a comprar qualquer coisa", acrescenta Ranieri.
Atualmente, o empresário conta com 45 a 50 carros no pátio e uma clientela, segundo ele, fiel e que já se encontra na terceira geração. "A gente colhe o que plantou nesses 30 anos. Acompanhamos os pais comprando lá no nosso início, depois os filhos e, hoje, são os netos dos nossos clientes que nos procuram pela confiança que têm conosco para comprar o primeiro carro", destaca o empresário, revelando que 98% das negociações são finalizados graças aos financiamentos oferecidos pelas instituições financeiras parceiras.

Apego zero com seus carros particulares

Nenhum carro para nas mãos de Ranieri e todo veículo tem um preço. São verdades que, como empresário, ele passou a seguir e assim lhe transformou em uma pessoa desapegada. Se "colocar preço", Ranieri tira a chave do bolso e deixa o cliente levar seu carro na hora. Isso já aconteceu algumas vezes. "Passo entre quatro e cinco meses com um carro. Virou costume. Vai um e vem outro", diz Ranieri, que tem uma predileção "por carros altos", modelos caminhonetes.

O empresário conta que já tem cliente, que quando chega na porta da concessionária, pergunta ao vendedor qual o carro do proprietário do negócio. Segue aquela linha de raciocínio que o dono não vai dirigir um veículo que esteja com qualquer vestígio de problema.
Dentro desse contexto, duas histórias Ranieri gosta de relembrar. "Teve uma vez que um médico chegou aqui, olhou o Troller que eu tinha, gostou, pagou e levou. Outra foi muita engraçada. Eu tinha comprado um Buggy BRM para aproveitar para usar no carnaval. Não é que na sexta-feira chegou um cliente e pagou o preço justo pelo carro! Brinquei o carnaval sem o Buggy", conta Ranieri, com bom humor, garantindo que não perdeu o feriado por isso.

Ranieri afirma que, mesmo diante dessa crise econômica que perdura há alguns anos e teima em não se encerrar no país, o segmento de usados continua prestigiado pelos consumidores, sobretudo por oferecer um preço mais acessível. Além disso, explica que a tecnologia avançou muito, até mesmo entre os carros populares, e isso, por tabela, "ajudou o seu negócio", já que, dificilmente, segundo o empresário, sofre com reclamações de consumidores por problemas em algum veículo vendido. "O carro é o grande sonho de consumo do brasileiro. Realizamos sonhos para quem vai atrás de comprar um desejo e economizou anos, fazendo poupança, para concretizá-lo", diz.
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