Paralisação

Petroleiros cruzam os braços e programam atos no estado

Categoria faz protesto contra a privatização das refinarias no País, nesta quarta-feira, na Praça do Derby

Publicado em: 30/05/2018 10:31 | Atualizado em: 30/05/2018 13:04

Cerca de 150 trabalhadores participaram de ato contra a privatização das refinarias no complexo de Suape, nesta quarta-feira. Foto: Sávio Gabriel/DP

Funcionários da Refinaria Abreu e Lima cruzaram os braços nesta quarta-feira (30) em Suape, no Cabo de Santo Agostinho. Durante as próximas 72 horas, a categoria pretende fazer atos públicos contra a privatização das quatro refinarias existentes no País. Durante a manhã, petroleiros permanecem em plantão na entrada da refinaria no complexo portuário. Mas a partir das 15h, com apoio da Central Única de Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE), está programado um ato "Petrobras 100% pública e estatal. Defesa da Democracia. Eleições Livres" na Praça do Derby, no Centro do Recife. 

Leonardo Buarque, membro da diretoria do Sindicato dos Petroleiros de Pernambuco (sindipetro), explica que a luta dos petroleiros é contra a privatização. "Essa refinaria não é dos petroleiros, é do povo pernambucano. Somos contra a privatização. A greve dos caminhoneiros trouxe os ouvidos para esse problema, mas a nossa voz já estava aqui há muito tempo", disse. Ele diz que o aumento do combustível foi motivado pela tentativa de venda das refinarias. "O investidor internacional quer comprar sabendo que o diesel que vai vender ou refirnar terá uma margem lucro maior possível", justifica. 

O sindicatista ressalta que muitas das escolas de engenharia do estado foram desenvolvidas com a reboque da Petrobras. "A Petrobras descobriu o pré-sal, mas já era líder de perfuração em águas profundas. É uma indústria que tem uma engenharia que não deixa a dever a nenhum lugar do mundo. Mas essa tecnologia está sendo apropriada pelo mercado internacional", lamenta. 

Segundo Buarque, atualmente, o custo do pré-sal é menor do que a maioria das plataformas de petróleo do mundo. "A gente já tem condições de extrair o petróleo a nove dolares o barril. Já disseram que o refino do petróleo seria inviável, mas isso mostra o contrário", observa. O sindicalista informa ainda que a categoria está aberta para discussões. Embora os petroleiros tenham deflagrado a greve, Buarque disse que a refinaria continua operando e informa que há bastante combustível em estoque para garantir o abastecimento no estado.

DECISÃO - Os petroleiros iniciaram na madrugada desta quarta-feira uma greve de 72 horas em pelo menos oito refinarias e algumas fábricas no país, apesar da decisão da Justiça de penalizá-la com elevadas multas por considerá-la abusiva. 

O protesto, contra os altos preços do combustível e do gás de cozinha e pela renúncia do presidente da Petrobras, Pedro Parente, começou enquanto a greve dos caminhoneiros que paralisou o país começava a se desmobilizar na terça após nove dias de bloqueios. 

"Nós petroleiros entramos sim, de greve. Para quem duvidou que a nossa categoria não ia lutar contra esses preços abusivos dos combustíveis, se enganou", indicou em uma mensagem nas redes sociais Tezeu Bezerra, coordenador da Sindipetro Norte Fluminense.

PARALISAÇÃO - A Federação Única dos Petroleiros (FUP) confirmou em um comunicado que seus afiliados "não entraram para trabalhar" nas refinarias de Manaus, Abreu de Lima (em Suape), Regap, Duque de Caxias, Paulínia, Capuava, Araucária, Refap, parcialmente na Bacia de Campos, bem como em três fábricas e unidades.

Na terça-feira (29), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou o movimento abusivo e estipulou multa de R$ 500 mil por dia aos sindicatos, após ação ajuizada pela Petrobras e a Advocacia-Geral da União (AGU). A FUP negou que a paralisação gere um risco de escassez e alertou que o protesto é "de advertência", sem descartar uma greve mais adiante. Parente assumiu a presidência da Petrobras em 2016.
(Com informações do repórter Sávio Gabriel e agências)
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