DP Empresas Uma nova geração à frente do Hope e da FAV História familiar no setor da saúde começou nos anos 1950 e, atualmente, tornou-se uma referência em Pernambuco em tratramento oftalmológico, inclusive com um braço social bastante atuante

Por: Sávio Gabriel - Diario de Pernambuco

Publicado em: 30/11/2017 22:43 Atualizado em: 30/11/2017 23:14

Referências em serviços oftalmológicos no estado, o Hospital de Olhos de Pernambuco (Hope) e a Fundação Altino Ventura (FAV) são alguns exemplos de instituições que se consolidaram no mercado através de uma administração exclusivamente familiar. A história teve início na década de 1950, com a fundação da Clínica de Olhos Altino Ventura, e continua até hoje graças aos membros da segunda e terceira geração dos médicos Altino Ventura e Inácio Cavalcanti.

Em 1986, já sob a administração de Marcelo Ventura e Ronald Cavalcanti, foi fundada a FAV, instituição filantrópica que atende pacientes de todo o estado, e o Hope, hospital privado que funciona na Ilha do Leite. Ao todo, são cerca de 1,2 mil funcionários e 669,6 mil procedimentos por mês nas duas instituições. E se engana quem pensa que o dia a dia dos herdeiros é fácil. “Nós nos dividimos tanto na questão da gestão e administração, como também nos atendimentos em consultórios e demais procedimentos, como cirurgias”, explica a médica oftalmologista Bruna Ventura, filha de Marcelo Ventura.

Todos os integrantes da família, que fazem parte diretamente da gestão, são médicos com especialização em oftalmologia. Mas também há gestores que não pertencem à família, com formação específica em administração. “No dia a dia, temos dois turnos fixos para reuniões de gestão, que acontecem sempre às segundas e quartas-feiras à tarde. E no restante dos dias nós atendemos”, diz Bruna, que já durante o período da residência médica começou a se envolver na gestão. “Fui aprendendo pouco a pouco, na prática”.

O maior desafio, segundo ela, é dividir o tempo entre a área médica e administrativa. “É o fato de não fazer apenas uma atividade. No começo é interessante essa necessidade de separar os papéis. Mas administrar o tempo de forma eficiente para executar as duas atividades de maneira satisfatória é o mais difícil”. Nesse processo, é fundamental ter cuidado para não levar problemas profissionais para o âmbito familiar e vice-versa. “A gente tende a levar assuntos administrativos para casa, discutir casos de pacientes e outros detalhes. Então, sempre temos que ficar nos controlando. É ume exercício diário”, diz a médica.

Os cuidados na passagem do bastão

Empresas familiares precisam estar atentas a um momento muito importante para a continuidade do negócio: a sucessão. Planejamento e definição de regras claras para essa transição entre os administradores, ainda que sejam integrantes na mesma família, são fundamentais. Especialista em direito da família e sucessões, Thaís de Menezes afirma que 30% das empresas familiares no país tendem a não suportar a transferência de administração para a segunda geração.

“Nós só temos duas certezas na vida: uma que nascemos e outra que morremos. Então, se os sócios pararem para se preocupar sobre a sucessão enquanto as coisas estão bem, evitarão diversos problemas administrativos, jurídicos e de outras naturezas que podem levar ao fim do negócio”, ressalta. Segundo ela, é possível conciliar os interesses dos sócios fundadores com a sobrevivência do negócio, de forma que nem mesmo um novo administrador possa interferir no processo. “Todas as regras devem estar definidas nos instrumentos societários”.

É possível, por exemplo, determinar que os herdeiros de um dos sócios partilhem apenas os dividendos do negócio, sem poder nenhum sobre a gestão. “Nesses casos, eles não participam de cargos estratégicos. Os sócios também podem determinar que os sucessores só poderão assumir a empresa caso tenham formação na área com larga experiência, evitando assim que pessoas sem afinidade alguma com o negócio  assumam o controle”, diz.

Para estabelecer as regras mais apropriadas para a realidade da empresa, além do planejamento é necessario também de profissionais capacitados para dar o suporte necessário.

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