Balanço PetroquímicaSuape fecha 2016 com rombo de R$ 1,4 bilhão Prejuízo é 73% maior que o resultado de 2015 e as receitas da empresa não cobrem sequer as despesas da operação

Por: André Clemente - Diario de Pernambuco

Publicado em: 09/06/2017 09:00 Atualizado em: 09/06/2017 14:07

Polo Petroquímico acumula prejuízos e está sendo vendido dentro da estratégia de desinvestimentos da Petrobras. Foto: Eduarda Azoubel/Divulgação
Polo Petroquímico acumula prejuízos e está sendo vendido dentro da estratégia de desinvestimentos da Petrobras. Foto: Eduarda Azoubel/Divulgação


Em fase final de venda, a PetroquímicaSuape, empresa controlada pela Petrobras e instalada no Complexo de Suape, apresentou nesta quiinta-feira um balanço com um prejuízo de R$ 1,4 bilhão referente a 2016. Trata-se de um aumento de 73% no rombo apresentando em 2015, quando fechou o ano com déficit de R$ 807 milhões. A demonstração financeira da empresa mostra, ainda, que o futuro dono vai herdar obrigações na ordem de R$ 466 milhões a serem cumpridas ainda neste ano. Somente em dívida, são R$ 368 milhões de empréstimos e financiamentos a serem honrados nesse curto prazo. Os números são apenas alguns do grande volume de resultados negativos que resultaram na decisão de venda da empresa, em um processo onde “o que vier é lucro”.

A venda da PetroquímicaSuape, por sinal, assim como a da Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco (Citepe), foi fechada no valor de US$ 385 milhões ao Grupo Petromex e a Dak Americas Exterior, subsidiadas da mexicana Alpek. O valor será pago na data do fechamento da operação e chegou a ser questionado por movimentos sociais e empregados da empresa, por ser muito abaixo dos R$ 5 bilhões investidos na construção.

A conclusão do processo depende apenas de aprovação do Conselho de Administração de Desenvolvimento Econômico (Cade), que avalia a segurança em questões concorrenciais. A Alpek é uma empresa mexicana, de capital aberto, que atua no setor petroquímico e que ocupa uma posição de liderança na produção de poliéster (PTA, PET e filamentos) no mundo.

O professor de finanças Marcos Piellusch, em análise do balanço, destaca a redução dos ativos da empresa, que são os bens e os direitos que ela possui. “Entre 2015 e 2016, houve muitas mudanças na estrutura patrimonial. Os ativos sofreram drástica redução, com destaque para o patrimônio imobilizado (principalmente imóveis, máquinas e estrutura), que caiu de R$ 1,9 bilhão em 2015 para R$ 728 milhões no fim do ano passado”, destacou.

Quanto ao passivo, que diz respeito às obrigações, também houve redução em valor absoluto, mas Piellusch alerta para o problema. “A empresa acumulou tantos prejuízos que ficou com Patrimônio Líquido negativo”, apontou. O PL, que é o saldo de ativos subtraindo os passivos, passou de R$ 403 milhões negativos em 2015 para 568 milhões negativos em 2016. Outro agravante : “A operação é deficitária desde o início. A receita da empresa não é suficiente nem mesmo para cobrir os custos, o que atinge diretamente a capacidade de fazer caixa para honrar as dívidas”, destacou, apontando que o fluxo de caixa das atividades operacionais é negativo, ou seja, a operação consome em vez de gerar caixa.


Corrupção
Outro detalhe que chamou a atenção de auditorias independentes que analisaram o balanço da Petroquímica foi o destaque das notas explicativas da administração da empresa para a Operação Lava-Jato. No relatório, é detalhado o período em que a Polícia Federal e o Ministério Público entraram na fiscalização e na denúncia de contratos com empreiteiras, entre 2004 e 2012, aos quais eram aplicados valores adicionais para sustentar o esquema de propinas que envolvia os principais partidos políticos do país.



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