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Observatório econômico Um ano de Temer

Publicado em: 14/05/2017 08:00 Atualizado em: 12/05/2017 20:39

Por André Magalhães (*)
 
André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
André Matos Magalhães é professor do Departamento de Economia da UFPE. Foto: Tiago Lubambo/Divulgação
O Governo Temer está completando um ano. Apesar de não ser um momento particularmente bom politicamente para o país, é impossível não tentar fazer um balanço econômico do trabalho feito.

 
O Governo começou depois de um movimento político traumático, com o impedimento da então presidente Dilma. Mesmo passado um ano, as feridas estão abertas. Hoje, como na época, me parece claro que Dilma não teria saído se estivesse indo bem na economia. Não haveria, penso eu, apoio popular. Os argumentos usados para o impedimento não teriam tanto peso. Mas o fato é que o Governo Dilma praticamente destruiu a economia. A visão e as convicções estavam todas erradas. Estávamos caminhando para o abismo.
 
Temer assumiu sem grande apoio popular e com um discurso de que não estava preocupado com as pesquisas. O grande objetivo seria recuperar a economia e preparar o país para o futuro. Existiam, portanto, duas grandes agendas: tirar a economia da recessão (no curto prazo), e traçar um caminho sustentável de crescimento via reformas (agenda para médio e longo prazos).
 
Na agenda de curto prazo, os grandes objetivos eram, e ainda são, controlar a inflação, reduzir o déficit público e fazer a economia crescer e gerar empregos. Pode-se contar como sucesso o controle da inflação, sem dúvidas. Em um país marcado pela hiperinflação do final do século passado, o fantasma da inflação assustava. O Banco Central foi capaz de trazer a inflação para perto da meta muito mais rápido do que se esperava. Claro, a recessão ajudou, mas a política monetária e a credibilidade do Bacen foram fundamentais.
 
Do lado das finanças públicas, o governo aprovou uma PEC que controla o crescimento dos gastos. A expectativa é que isso permita ao Governo administrar melhor o seu orçamento, abrindo espaço para um maior crescimento econômico no futuro. O crescimento, por sinal, é que ainda anda aquém do esperado. O desemprego ainda está muito elevado e 2017 não será o ano da recuperação.
 
Na frente do longo prazo, as batalhas têm sido mais duras. A reforma Trabalhista está avançando com alguma resistência no Congresso. A da Previdência também avança, mas num ritmo muito mais lento do que o Governo esperava, ou dizia esperar. Pessoalmente, eu acredito que essas são reformas importantes para o país. Não concordo com todos os pontos, mas, no geral, elas representam avanços. Estaremos melhor com elas. Aqui, também acredito, o Governo errou na comunicação. Não conseguiu mostrar os pontos positivos. Não conseguiu convencer a população. Talvez tenha partido do pressuposto de que a ideia era tão boa que todos aceitariam. Claramente, não é assim. As pessoas precisam entender o que está acontecendo. Ainda é tempo para trabalhar nisso.
 
Qual seria o saldo? Do ponto de vista econômico o saldo é positivo. O Governo parou de ter pessoas que acreditam que o Estado pode tudo e não há limites. Medidas corretas foram tomadas para que o país possa sair da crise. Vai levar tempo para corrigir tudo de errado que existia, mas o caminho é esse. A recuperação vai chegar.

(*) Professor do Departamento de Economia da UFPE.

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