Sem arrependimento Joaquim Levy assegura que não vê problemas em ter aceitado convite de Dilma Rousseff Ministro da Fazenda diz que não vê problemas em ter aceitado a pasta. Há, porém, um forte tiroteio dentro e fora do governo para que ele deixe o principal cargo da Esplanada

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 09/10/2015 08:50 Atualizado em:

Alvo de ataques de dentro e de fora do governo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse ontem, durante seminário promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que não se arrepende de ter aceitado o convite da presidente Dilma Rousseff para comandar a equipe econômica. “Não é ruim trabalhar para seu país quando você tem um objetivo claro, que é preparar uma economia para passar por ajustes e para o caminho do crescimento”, afirmou.

Levy procurou transmitir confiança de que está firme no cargo, mas, na Esplanada dos Ministérios, correm soltas as apostas de quando ele deixará o cargo. Há uma corrente de auxiliares muito próximos de Dilma que já fixaram a data para a demissão do ministro: o fim do ano. A justificativa é de que ele entregou muito pouco do que prometeu e já não passa a confiança de que o governo precisa para aprovar o ajuste fiscal que está empacado no Congresso.

Pobreza
Fragilizado, o ministro foi muito questionado em Lima. Todos queriam saber se o Brasil está preparado para enfrentar uma eventual fuga de capital por conta de mudanças que ocorrem na economia mundial. Ele destacou que não espera ver uma saída em massa de recursos do país neste momento, ainda que o Banco Central tenha registrado retiradas de mais de
US$ 2 bilhões somente na primeira semana deste mês. “Não há razões para saída maior de capital do Brasil neste momento”, frisou. Segundo ele, o país passa por um processo de reequilíbrio neste ano. “Se permitirem o ajuste, a economia vai se arrumar”, emendou.

Na visão de Levy, os países emergentes, incluindo o Brasil, estão mais bem preparados para lidar com os desafios que as mudanças na China e a elevação dos juros nos Estados Unidos devem trazer para a economia mundial. “Estamos de muitas formas preparados para enfrentar essas mudanças”, ressaltou. No entender dele, a alterações que estão sendo vistas na China são importantes, mas, quando se olha para muitos mercados emergentes, em particular a América Latina, a força da economia está muito diferente agora do que era há 15 anos. E não há bolhas de ativos, como, por exemplo, imóveis supervalorizados. “Isso nos dá uma condição de lidar com o novo ambiente”, acrescentou.

Apesar do discurso positivo, o ministro reconheceu que a baixa confiança dos agentes econômicos tem impactado negativamente o Produto Interno Bruto (PIB). Muitos estão adiando decisões. “O Brasil é uma economia ampla e tem muita flexibilidade para responder às mudanças”, assinalou. Para ele, o país e outros emergentes têm procurado avançar na agenda de investimentos estruturais e o dinheiro para financiar tais projetos, segundo ele, deve vir especialmente do setor privado. “Além disso, muitos desses países aproveitaram os momentos de bonança para reduzir a pobreza.”

Sobre o fato de o Brasil estar sofrendo mais do que outros países, quadro que é explicitado pela previsão do FMI de contração do PIB de 3% neste ano e de 1% em 2016, o ministro destacou que “todo mundo que tem um choque real está em recessão”. O país teve, por exemplo, que fazer um forte ajuste nas tarifas públicas, que ficaram represadas por anos, o que levou a inflação para quase 10%.

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