Salários e rescisões atrasados Demissões em massa causam protesto em frente à Indústria Renda, em Abreu e Lima Valor das rescisões, segundo o sindicato que representa a categoria, gira em torno de R$ 700 mil

Por: Augusto Freitas

Publicado em: 15/07/2015 09:22 Atualizado em: 15/07/2015 09:26

Funcionários demitidos da Indústria Renda, em Abreu e Lima, protestaram contra atrasos de salários e rescisões trabalhistas. Foto: Sindmetal-PE/Divulgação
Funcionários demitidos da Indústria Renda, em Abreu e Lima, protestaram contra atrasos de salários e rescisões trabalhistas. Foto: Sindmetal-PE/Divulgação
Uma demissão em massa seguida de atrasos de salários e rescisões trabalhistas causou uma manifestação de metalúrgicos, na manhã desta quarta-feira, em frente a Indústria Renda, do setor de metais, em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife (RMR). No início da manhã, funcionários demitidos no mês passado e representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco (Sindmetal-PE), interromperam a entrada dos demais empregados para a pressionar a empresa a quitar os débitos.

De acordo com o Sindmetal-PE, as demissões afetaram 47 metalúrgicos e 18 gráficos da indústria, que alega dificuldades financeiras diante da crise econômica e reestruturação do quadro de funcionários. O afastamento dos operários ocorreu, segundo o sindicato, entre o mês de junho e o começo de julho. Há informações de que desde o dia 15 de junho os salários e rescisões trabalhistas não são pagos. O valor das rescisões, segundo o sindicato que representa a categoria, gira em torno de R$ 700 mil.

Henrique Gomes, presidente do Sindmetal-PE, explicou à reportagem do Diario que a direção da Indústria Renda sugeriu pagar as rescisões trabalhistas (incluindo multas do FGTS e do artigo 477 da CLT) divididas em cinco parcelas mensais, com o dinheiro sendo depositado no dia 22 de cada mês, até novembro. A categoria não aceitou a proposta e recorreu ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para tentar resolver o impasse. 

“O juiz do trabalho que avaliou a causa declarou que não iria intermediar qualquer acordo que ferisse o direito dos trabalhadores, principalmente em relação às multas do FGTS e do artigo 477 da CLT, além de outras penalidades convencionais. Fomos orientados a impetrar uma liminar (tutela antecipada) para a liberação do FGTS e depois acionar a Justiça do Trabalho em uma ação coletiva contra a empresa para garantir o pagamento dos direitos trabalhistas e salários. O MPT determinou que a lista com toda a documentação fosse enviada ao órgão até o meio-dia de hoje. A empresa nos chamou para uma reunião e vamos aguardar sua proposta”, declarou Henrique Gomes.

O analista de sistemas senior Perinaldo Cavalcanti é um dos funcionários que está na lista dos demitidos pela Indústria Renda. Segundo ele, o último pagamento que recebeu foi referente a o adiantamento quinzenal do dia 15 de junho. Desde então, ele não recebe um centavo da empresa, mesmo após a demissão. A situação, segundo ele, começa a ficar difícil, pois todos os afastados têm família para sustentar.

“É um absurdo o que estão fazendo, querer parcelar direitos nossos em cinco parcelas, quando a lei determina o pagamento imediato. Temos dívidas, aluguel, contas para pagar. Sabemos que a crise está afetando muitos setores da economia, mas não podemos aceitar uma proposta dessas que indústria ofereceu. Os funcionários que permanecem na ativa estão acumulando funções e sobrecarregados. Queremos nossos direitos quitados para seguir nossas vidas e tentar uma recolocação no mercado”, afirmou Perinaldo.

A reportagem do Diario entrou em contato com a Indústria Renda para saber a versão da empresa sobre as demissões e o protesto desta manhã. Na ligação, um funcionário da recepção disse que nenhum diretor da empresa que pudesse se pronunciar sobre o caso se encontrava no local até o momento.   

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