Em meio à crise, Petrobras quer reajuste de 13% para executivos do alto escalão

Por: Diario de Pernambuco

Publicado em: 31/03/2015 09:45 Atualizado em:

A Petrobras parece ter esquecido o atual momento de turbulência e crise, considerada a maior de sua história, e deseja pagar um pouco mais aos executivos do alto escalão.  A estatal está fazendo um lobby para que os acionistas aprovem um reajuste de 13% nos salários, na assembleia agendada para o próximo dia 29. O percentual, inclusive, é maior que o que foi pago em 2014 para executivos que dirigem a empresa, considerando a média salarial paga a estes cargos.

A proposta de aprovação do aumento vai mais além. A estatal também quer aumentar a proporção de salário fixo e reduzir a de remuneração variável, atrelada a resultados, justamente num momento de resultados financeiros que põem em cheque a credibilidade da empresa no mercado internacional, após o escândalo de desvio de verbas desvendado durante a operação Lava-Jato, que ainda está em curso.

O teto médio fixo proposto no pedido de aprovação dos acionistas, considerando os oito atuais diretores, é R$ 1,6 milhão para cada um por ano, o equivalente a um acréscimo de 22,7% de R$ 1,3 milhão pago em 2014 e 9% acima do teto pedido no ano passado. Em um cálculo simples, dividido por 12 meses mais o 13º salário, o valor de 2015 equivale a um salário médio mensal de R$ 123 mil. A proposta ainda propõe bônus zero por desempenho, mas a participação nos resultados pretende pagar, em média, R$ 92 mil a cada um dos oito diretores, 64% abaixo de 2014. As informações constam do manual para participação de acionistas na assembleia.

Em defesa do reajuste, a Petrobras informou que a proposta de 2015 contempla a inflação de 8,09% prevista pelo Banco Central (BC) para este ano, baseada no Boletim Focus. Em 2014, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador que mede a inflação, foi de 6,41%. Passagens aéreas e auxílio-moradia também seriam incluídos na proposta. A estatal diz, ainda, que reduziu as remunerações variáveis "preventivamente", diante dos resultados bem abaixo do esperado em 2014.

Entre janeiro e setembro de 2014, a Petrobras lucrou R$ 13,4 bilhões, 22% abaixo de igual período de 2013. A produção de petróleo e derivados cresceu 3% e a geração de caixa, afetada pela defasagem do preço dos combustíveis até outubro, caiu 11%. De 2013 para 2014, a estatal aumentou em 18% a remuneração total paga aos sete executivos que dirigiam a empresa. O salário fixo (incluindo férias e 13º) desses diretores foi 10,7% maior, pulando de R$ 8,25 milhões para R$ 9,13 milhões.

Na época, a remuneração paga aos então sete executivos, incluindo a ex-presidente Graça Foster e seis diretores, subiu de R$ 13,1 milhões, para R$ 15,4 milhões. Na média, cada um fez jus a R$ 2,2 milhões em 2014, contra 1,87 milhões em 2013.  Foster e cinco deles deixaram a empresa há dois meses. O maior incremento na remuneração veio da participação nos resultados: entre 2013 e 2014, o valor pago aos diretores foi multiplicado por três, de R$ 606 mil (R$ 86 mil por diretor), para R$ 1,790 milhão (R$ 256 mil por diretor).

O bônus por desempenho foi 0,1% menor, de R$ 631 mil em 2013, para R$ 615 mil. Um conselheiro da Petrobras, que pediu anonimato, disse que valores relativos a desempenho (bônus e participação nos resultados) pagos em 2014 referem-se aos resultados de 2013. Naquele ano, o lucro aumentou 11%. Os montantes pagos em 2014 obedeceram aos tetos aprovados na assembleia de
acionistas realizada em abril passado, quando os principais desdobramentos da operação Lava-Jato ainda estavam por acontecer. A proposta para 2015 propõe um teto 1,1% maior para a remuneração média de cada diretor e 13% a mais do que foi efetivamente pago a cada executivo no ano passado.

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