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CINEMA

Em 'Saudosa Maloca', Paulo Miklos encarna seu próprio Adoniran Barbosa

Costurando realidade e ficção, roteiro utiliza o senso de humor característico de seu protagonista para, através desses flashbacks, dar vida aos causos narrados pelas músicas de Adoniran

Publicado em: 21/03/2024 07:00 | Atualizado em: 21/03/2024 11:51

 (Divulgação/Elo Studios)
Divulgação/Elo Studios

Aos 72 anos e com pouca paciência para conversa, um compositor de personalíssima vestimenta e gírias antigas cria um vínculo gradual com um simpático garçom à mesa de um bar decadente, em São Paulo. Narrando suas peripécias com seus amigos Mato Grosso e Joca, com quem diz ter morado num casebre onde hoje se vê um grande prédio, o veterano relembra uma vizinhança perdida no tempo e nas suas memórias, enquanto revisita algumas das canções mais marcantes da música brasileira.

 

Em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira (21), Saudosa Maloca põe o músico e ator Paulo Miklos na pele de Adoniran Barbosa, pseudônimo de João Rubinato, considerado um dos pais do samba paulista e dono de letras que atravessaram gerações. Costurando realidade e ficção, fatos e fantasia, o roteiro expande o curta 'Dá licença de contar', de 2015, também com direção de Pedro Serrano, e utiliza o senso de humor característico de seu protagonista para, através desses flashbacks, dar vida aos causos narrados pelas músicas de Adoniran, desde ‘Trem das onze’, passando pelo 'Samba do Arnesto' e 'Iracema', até aquela que dá título ao projeto. Gero Camilo e Gustavo Machado completam o elenco, respectivamente nos papeis de Mato Grosso e Joca, que, junto a Adoniran, formam um trio para quem o trabalho duro é o maior inimigo, enquanto transformar cada causo em samba é a grande especialidade.

 

Assumido como uma comédia-homenagem que intenta menos um efeito biográfico e mais uma celebração do ícone através de uma brincadeira musicada, Saudosa Maloca tem leveza e graciosidade suficiente para compensar algumas fragilidades, sendo a estética pouco inspirada a principal delas. É visível – e simbolicamente óbvia – a escolha por representar o presente numa paleta acinzentada e o passado em tons quentes e vivos, mas essa opção repetitiva entra em conflito com a crescente abertura na amizade hipotética entre o músico e o garçom. No geral, portanto, o roteiro e as atuações trazem cores que não se refletem na fotografia.

 

Em mais uma oportunidade recente de demonstrar sua versatilidade como ator, Paulo Miklos encontra um equilíbrio notável entre o realismo e o tom de crônica, além de imprimir ocasionalmente a melancolia que está na base da história de João Rubinato e de seus amigos – tenham eles realmente existido ou não. Para um homem que se fundiu com seu próprio personagem, afinal, não existe fronteira entre verdade e imaginação.

 

Ao Viver, o ator reflete sobre esse papel e sobre o recorte proposto pelo roteiro. "É um filme muito afetuoso com a obra dele. Quanto mais você conhece as músicas, mais você se delicia com o filme, que é cheio de citações e referências, sejam verbais, visuais ou através de situações. O público já sabe o destino de alguns dos personagens justamente a partir das letras, mas o que ele não sabe é o como e o quando certas coisas vão acontecer, e isso é das coisas mais interessantes da experiência de assistir", comenta Paulo.

 

"Adoniran já é em si um personagem, que resiste ao tempo e que parece deslocado da época em que viveu, com seu bigodinho, gravata borboleta, seu chapéu. Nunca interessou para nós se certas coisas contadas por ele ou em suas letras de fato aconteceram, mas sim o que elas representam para a música e para a cidade. Foi muito interessante esse movimento de construir o meu próprio Adoniran sem que isso virasse uma caricatura. Além de tudo isso, foi um privilégio trabalhar com Gero e Gustavo, que já têm uma longa história juntos; eu ficava às vezes quase assistindo a eles e nós fizemos grandes descobertas de improviso", completa.

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