Pesquisa

Laboratório americano fará vacina contra dengue usando tecnologia brasileira

Acordo com a indústria estrangeira deverá render US$ 100 milhões ao Instituto Butantan, além de royalties pelas vendas do imunizante

Publicado em: 12/12/2018 18:08 | Atualizado em: 12/12/2018 18:30

Marco Antônio Zago, secretário de saúde de SP, (centro) assina acordo com presidente da farmacêutica norte-americana MSD, Mike Nally e o diretor do instituto Butantan, Dimas Covas. Foto: Ana Paula Neiva/DP
O Instituto Butantan, um dos principais centros de pesquisa do mundo, e a farmacêutica americana Merck & Co. Inc., Kenilworth, NJ., USA, (conhecida fora dos EUA e Canadá por MSD) uma das líderes no mercado global, assinaram um acordo inédito de colaboração tecnológica e em pesquisa clínica no desenvolvimento de suas vacinas contra a dengue. O documento foi assinado nesta quarta-feira (12), após o Seminário sobre o Impacto da Vacinação na Saúde Pública, realizado no auditório do Butantan, em São Paulo.

Com o acordo, o instituto, que é vinculado à Secretaria Estadual de Saude de São Paulo, poderá receber até US$ 101 milhões, que serão investidos em pesquisa e na produção de vacinas pelo Instituto.

O acordo pioneiro fará com que as instituições compartilhem informações sobre suas pesquisas clínicas e fortaleçam seus programas contra a dengue. As vacinas contra a dengue em desenvolvimento pelo Butantan e pela MSD visam proteger contra os quatro tipos da doença. A vacina do Butantan já está no final da fase 3 de ensaios clínicos.

A troca de conhecimentos entre as duas partes irá agilizar e aperfeiçoar o processo de avaliação de eficácia e segurança de ambas as formulações imunobiológicas, uma vez que a prevalência de tipos de dengue é diferente no Brasil e nos EUA e, por isso, os estudos podem ser complementares.

Por estar em um estágio mais adiantado do desenvolvimento de sua vacina, o Instituto Butantan receberá um pagamento antecipado de US$ 26 milhões por parte da MSD e poderá receber ainda mais US$ 75 milhões com a conquista de marcos relacionados ao desenvolvimento e à comercialização da vacina experimental da MSD, além de royalties sobre as vendas. O Instituto Butantan continuará responsável pela fabricação e comercialização de sua vacina no Brasil.

"É uma ótima notícia para o país. Prova que o Butantan atingiu um nível de excelência internacional no desenvolvimento de vacinas de interesse global. Essa é a primeira transferência com esse perfil feita entre um instituto brasileiro e uma empresa farmacêutica global no desenvolvimento de uma vacina. Com os aportes financeiros, poderemos investir ainda mais em produção de vacinas e em pesquisa. Quem ganha é a saúde da população", afirma Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan.

"Este acordo fornece à MSD acesso a dados para informar nosso programa de desenvolvimento precoce de vacina contra a dengue e reflete o tremendo progresso que cientistas e médicos do Instituto Butantan fizeram até agora", disse o Dr. Roger M. Perlmutter, presidente global de pesquisa clínica da MSD. "Nossa colaboração com o Butantan demonstra o compromisso de ambas as partes em fazer o máximo para desenvolver novas vacinas para ajudar a proteger as populações em risco contra a dengue, especialmente aquelas que vivem em países em desenvolvimento em todo o mundo".

O Instituto Butantan e a MSD licenciaram direitos dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) para o desenvolvimento de vacinas tetravalentes atenuadas vivas (LATV). Com o acordo, o Butantan irá disponibilizar para a farmacêutica o acesso às informações sobre os ensaios clínicos já em curso, pelos quais receberá investimento, até que ambos os parceiros cheguem a um nivelamento de seus ensaios clínicos. Deste ponto em diante a colaboração se dará livremente, ainda que cada um dos parceiros venha a produzir sua própria vacina.

O Instituto Butantan já havia conquistado, em maio deste ano, patente nos Estados Unidos para o processo de produção da vacina da dengue. A conquista garantiu visibilidade internacional ao projeto e à tecnologia desenvolvida no Brasil a partir da cepa dos institutos de saúde (NIH), dos EUA. A patente foi concedida pelo Escritório Americano de Patentes e Marcas (Uspto).

Desde o início, o projeto para a vacina contra a dengue teve investimento total de R$ 224 milhões oriundos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Fundação Butantan e Ministério da Saúde.

A vacina desenvolvida no Instituto Butantan é uma grande aposta da saúde em nível mundial, visto que ela está sendo desenvolvida para prevenir os quatro subtipos do vírus da dengue (1,2,3 e 4), deverá ser indicada para pessoas de 2 a 59 anos e deve funcionar também para aqueles que não tiveram a doença anteriormente. A vacina está na 3ª fase do estudo clínico, na qual é testada em humanos.

Assim que concluída esta fase, haverá um pedido de registro à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Somente após a obtenção do registro, ela poderá ser disponibilizada à população. A fase 3 do estudo clínico começou em 2016 e está sendo realizada em 14 centros de pesquisa clínica, distribuídos em cinco regiões do país e envolverá, até o seu final, 17 mil voluntários. Até o final de 2019, o Butantan deverá estar produzindo lotes de vacina Tetravalente contra a Dengue. 

Sobre a Dengue:

· O vírus da dengue é uma das principais causas de doença e morte nas regiões tropicais e subtropicais do mundo[i].

· Hoje, cerca de 2,5 bilhões de pessoas, ou 40% da população mundial, vive em áreas onde há risco de transmissão e a doença é endêmica em pelo menos 100 países da Ásia, Pacífico, Américas, África e Caribe[ii].

· A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 50 a 100 milhões de infecções sintomáticas ocorrem anualmente, incluindo aprox. 500 mil casos graves e até 20 mil mortes, principalmente entre crianças2.

· O Brasil é um dos países mais afetados pela doença, com milhões de casos nos últimos 10 anos. 

Sobre o Instituto Butantan      
O Instituto Butantan, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, é um dos maiores centros de pesquisas biomédicas do mundo, além de responsável pela produção de soros hiperimunes e de antígenos vacinais que compõem as vacinas utilizadas no Programa Nacional de Imunizações – PNI, do Ministério da Saúde. A instituição conta ainda com três museus (Biológico, Histórico e de Microbiologia) e o Hospital Vital Brazil, especializado em atendimento a acidentes com animais peçonhentos.

Sobre a MSD
Há mais de um século, a MSD, uma das líderes globais do ramo biofarmêutico, cria invenções para a vida, trazendo ao mercado medicamentos e vacinas inovadores para combater as doenças mais desafiadoras. MSD é o nome pelo qual é conhecida a Merck & Co., Inc., fora dos Estados Unidos e do Canadá, que está sediada em Kenilworth (New Jersey, EUA). Por meio de nossos medicamentos de prescrição, vacinas, terapias biológicas e produtos de saúde animal, trabalhamos com clientes em mais de 140 países para oferecer soluções de saúde inovadoras. Também demonstramos nosso compromisso de melhorar o acesso aos cuidados de saúde por meio de políticas, programas e parcerias de longo alcance. Hoje em dia, a MSD continua na linha de frente da área de pesquisa a fim de avançar na prevenção e no tratamento de doenças que ameaçam pessoas e comunidades ao redor do mundo – inclusive câncer, doenças cardiometabólicas, doenças emergentes de animais, Alzheimer e doenças infecciosas como HIV e Ebola. Para mais informações, acesse www.msd.com e siga-nos no Twitter, Facebook, Instagram, YouTube e LinkedIn.

Sobre a MSD no Brasil
Presente no Brasil desde 1952, a MSD conta com mais de 1,5 mil funcionários no país, nas divisões de saúde humana, saúde animal e pesquisa clínica.
Os comentários abaixo não representam a opinião do jornal Diario de Pernambuco; a responsabilidade é do autor da mensagem.
MAIS NOTÍCIAS DO CANAL