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Governo dos EUA deve divulgar arquivos da investigação do caso Jeffrey Epstein nesta sexta (19)

Acaba hoje (19) o prazo para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgar os "arquivos Epstein"

Estadão Conteúdo

Publicado: 19/12/2025 às 10:43

Manifestantes anti-Trump seguram cartazes com os dizeres

Manifestantes anti-Trump seguram cartazes com os dizeres "Trump, divulgue os arquivos de Epstein" e "Resista ao fascismo" enquanto se reúnem em uma coletiva de imprensa do Comitê de Estudos Republicanos sobre a tomada de poder federal do presidente dos EUA, Donald Trump, no Capitólio, em 2 de setembro de 2025 (ANDREW HARNIK / GETTY IMAGES AMÉRICA DO NORTE / Getty Images via AFP)

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos tem até esta sexta-feira, 19, para divulgar seus arquivos sobre Jeffrey Epstein, criminoso sexual condenado e empresário conhecido por suas conexões com algumas das pessoas mais influentes do mundo, incluindo Donald Trump, que, enquanto presidente, tentou manter os documentos em sigilo.

Os registros podem oferecer a visão mais detalhada até agora de quase duas décadas de investigações governamentais sobre os abusos sexuais cometidos por Epstein contra jovens mulheres e meninas menores de idade.

A divulgação dos arquivos é exigida há muito tempo por um público ansioso por saber se associados ricos e poderosos de Epstein tinham conhecimento dos abusos ou participaram deles. As vítimas também buscam respostas sobre por que as autoridades federais encerraram, em 2008, a investigação inicial sobre as acusações.

Cedendo à pressão política de colegas republicanos, Trump sancionou em 19 de novembro um projeto de lei que concede ao Departamento de Justiça 30 dias para divulgar a maior parte de seus arquivos e comunicações relacionados a Epstein, incluindo informações sobre a investigação da morte do empresário em uma prisão federal.

O Departamento de Justiça não informou em que horário pretende tornar os registros públicos. A aprovação da lei representou uma demonstração notável de bipartidarismo superando meses de oposição de Trump e da liderança republicana.

O que a lei permite

A legislação autoriza a omissão de informações sobre vítimas ou investigações em andamento, mas deixa claro que nenhum registro deve ser retido ou editado por motivo de "constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade política".

A procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, afirmou, em 14 de novembro, que ordenou a um procurador federal que investigasse as ligações de Epstein com adversários políticos de Trump, incluindo o ex-presidente Bill Clinton. Pam agiu após Trump pressionar por essa investigação, embora ele não tenha especificado quais supostos crimes deveriam ser apurados. Nenhum dos homens mencionados por Trump em uma publicação nas redes sociais exigindo a investigação foi acusado de má conduta sexual por qualquer uma das vítimas de Epstein.

Em julho, Trump desdenhou de alguns de seus próprios apoiadores, chamando-os de "fracos" por terem acreditado na "farsa de Jeffrey Epstein". Ainda assim, nem ele nem o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, conseguiram impedir que a legislação fosse levada a votação.

Trump voltou atrás em relação aos arquivos quando ficou claro que a ação do Congresso era inevitável. Ele sustentou que o caso Epstein havia se tornado uma distração para a agenda republicana e que a divulgação dos registros seria a melhor forma de seguir em frente.

As investigações sobre Epstein

A polícia de Palm Beach, na Flórida, iniciou a investigação contra Epstein em 2005, após a família de uma menina de 14 anos relatar que ela havia sido abusada em sua mansão. O Departamento Federal de Investigação dos EUA (FBI, na sigla em inglês) se juntou ao caso e as autoridades coletaram depoimentos de várias adolescentes que afirmaram ter sido contratadas para realizar massagens sexuais em Epstein.

Apesar disso, os promotores acabaram oferecendo a Epstein um acordo que lhe permitiu evitar um processo federal. Ele se declarou culpado de acusações estaduais de prostituição envolvendo uma pessoa menor de 18 anos e foi condenado a 18 meses de prisão.

As vítimas passaram anos em processos civis tentando anular esse acordo. Uma delas, Virginia Giuffre, acusou Epstein de ter intermediado encontros sexuais para ela, a partir dos 17 anos, com diversos homens, incluindo bilionários, acadêmicos renomados políticos americanos e Andrew Mountbatten-Windsor, então conhecido como príncipe Andrew.

Todos negaram as acusações. Os promotores nunca apresentaram denúncias relacionadas às alegações de Virginia, mas seus relatos alimentaram teorias da conspiração sobre supostos esquemas do governo para proteger pessoas poderosas. Virginia morreu por suicídio em abril, aos 41 anos, em sua fazenda na Austrália.

Em 2019, promotores federais em Nova York apresentaram novas acusações de tráfico sexual contra Epstein, mas ele se suicidou na prisão um mês após ser detido. Em seguida, as autoridades acusaram sua ex-namorada e confidente de longa data, Ghislaine Maxwell, de recrutar meninas menores de idade para que Epstein as abusasse.

Ghislaine foi condenada no fim de 2021 e cumpre pena de 20 anos de prisão. Recentemente, ela foi transferida de uma unidade federal de segurança mínima na Flórida para um presídio de segurança mínima no Texas, após ser entrevistada em julho pelo vice-procurador-geral dos EUA, Todd Blanche. Seus advogados argumentam que ela nunca deveria ter sido julgada ou condenada.

Em julho, o Departamento de Justiça afirmou não ter encontrado informações que sustentassem o processo contra qualquer outra pessoa.

Muitos registros de Epstein já eram públicos

Após quase duas décadas de ações judiciais e investigações jornalísticas, um grande volume de documentos relacionados a Epstein já se tornou público, incluindo registros de voos, agendas de endereços, e-mails, boletins de ocorrência, documentos do júri, depoimentos judiciais e transcrições de relatos de vítimas, funcionários e outras testemunhas.

Ainda assim, o apetite do público por novos registros permanece elevado, especialmente por materiais que envolvam associações de Epstein com figuras famosas, como Trump, Andrew e Clinton.

Trump foi amigo de Epstein por anos antes de os dois se afastarem. Nem ele nem Clinton jamais foram acusados de irregularidades relacionadas a Epstein, e a simples inclusão de um nome em arquivos de investigação não implica culpa.

Andrew negou ter tido relações sexuais com Virginia, mas o rei Charles III o destituiu de seus títulos reais neste ano, após a publicação póstuma das memórias da mulher. (Com informações da Associated Press)

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