Zelensky quer se reunir com Putin e Trump
Zelensky afirmou que somente com a presença das duas partes em conflito à mesa de negociações será possível conseguir uma paz justa e permanente para o seu país
Publicado: 20/10/2025 às 14:46

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky (SIMON WOHLFAHRT / AFP)
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse em entrevista ao canal NBC, que esta disponível para se reunir com os líderes Donald Trump e Vladimir Putin, em Budapeste, na Hungria. Zelensky afirmou que somente com a presença das duas partes em conflito à mesa de negociações será possível conseguir uma paz justa e permanente para o seu país. “Falamos sobre isso. Irão discutir isso com Putin. Ele queria saber a minha opinião. Em minha opinião, se queremos realmente uma paz duradoura, precisamos ter os dois lados desta tragédia. Sim, ele é um ocupador, mas a Ucrânia sofre e luta. Como se vai chegar a algum acordo sobre nós sem nós?", questionou.
Após o seu encontro com Trump na Casa Branca, o líder ucraniano rejeitou mais uma vez a ideia proposta de ceder territórios à Rússia como moeda de troca para terminar a guerra. Uma vez que nos bastidores da tensa reunião no Salão Oval na última sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos pressionou Zelensky a concordar e ainda recusou fornecer mísseis de longo alcance a Kiev.
Trump sugeriu que o melhor modo de acabar com o conflito seria ‘dividir’ a região do Donbass, deixando a maior parte sob controle russo, afirmando que depois a Ucrânia poderia retomar todo o seu território e até entrar terras russas. “A Rússia é um tigre de papel", acrescentou.
Segundo publicação do jornal Washington Post, fontes revelaram que Putin propôs a Tump durante o telefone que tiveram na semana passada uma troca territorial em que a Ucrânia cederia às regiões de Donetsk e Lugansk em troca da retirada russa de pequenas partes de Zaporizhia e Kherson. No entanto, as fontes também disseram que Kiev avalia ter grande valor estratégico essas áreas que ainda controlam, e que renunciar a elas tornaria o resto da Ucrânia muito mais vulnerável às ofensivas russas e equivaleria a um ato de ‘suicídio’.
"Que seja dividido como está. Está dividido agora. Podem negociar algo mais tarde. Mas, por enquanto, ambos os lados do conflito devem parar na linha de batalha, ir para casa, parar de lutar, parar de matar pessoas. O resto é muito difícil de negociar se vai dizer: Você fica com isto, nós ficamos com aquilo", insistiu Trump no domingo.
Enquanto isso ocorre à preparação diplomática para o encontro entre os presidentes dos EUA e da Rússia depois de terem conversado por telefone na quinta-feira e acertado se reunirem em breve na capital húngara. No entanto, está previsto primeiramente uma conversação presencial de delegações dos dois países que irão ser lideradas pelo ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e o Secretario de Estado norte-americano Marco Rubio.
Já a chefe da diplomacia da União Europeia para as Relações Externas e a Política de Segurança, Kaja Kallas, afirmou nesta segunda-feira (20) que não é agradável que Putin possa viajar a Hungria, um país do bloco.
“Em relação a Budapeste, não, não é agradável ver que realmente uma pessoa sujeita a um mandado de captura pelo Tribunal Penal Internacional virá para um país europeu. Os esforços de Trump para trazer a paz são bem-vindos, mas também é importante que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, se encontre com o líder russo. Os Estados Unidos têm muita força para pressionar a Rússia a vir à mesa das negociações; se usarem isso é claro que será bom se a Rússia parar esta guerra. O presidente Trump está sendo sincero quanto à tentativa de pôr fim à guerra na Ucrânia, mas as conversações que excluem a Ucrânia e a Europa serão inconclusivas. Quem não quer acabar com esta guerra é a Rússia. Não nos devemos distrair, temos de fazer com que Moscou também queira a paz. Estamos trabalhando para tentar convencer os nossos aliados em todo o mundo de que nada pode sair destas reuniões se a Ucrânia ou a Europa não fizerem parte delas", declarou Kallas.
Além disso, Trump disse hoje que ainda acredita que a Ucrânia pode ganhar a guerra contra a Rússia, mas que esse resultado é improvável. "Ainda podem ganhar. Não creio que consigam, mas ainda podem ganhar", indicou.

