Roubo cinematográfico no Louvre: veja o que se sabe sobre o ataque que levou joias inestimáveis
O roubo aconteceu na manhã deste domingo (19)
Publicado: 19/10/2025 às 12:06

Policiais franceses inspecionam um elevador de móveis usado por ladrões para entrar no Museu do Louvre, no Quai François Mitterrand, em Paris, em 19 de outubro de 2025. Ladrões invadiram o Louvre e fugiram com joias na manhã de 19 de outubro de 2025. O ministro do Interior da França afirmou que as joias roubadas do Museu do Louvre eram "inestimáveis". O ministro disse aos meios de comunicação franceses *France Inter*, *France Info* e *Le Monde* que "três ou quatro" ladrões concentraram-se em duas vitrines da "Galerie d’Apollon" ("Galeria de Apolo"), completando o assalto em plena luz do dia em apenas sete minutos. (Foto: Dimitar DILKOFF / AFP)
O roubo de joias e peças históricas do Museu do Louvre, em Paris neste domingo, 19, lembra o roteiro de um filme hollywoodiano.
Com direito ao uso de pequenas esmerilhadeiras, o apoio de um guindaste e a fuga em scooters, o crime durou apenas sete minutos e envolveu três ou quatro criminosos experientes, de acordo com informações preliminares divulgadas pela polícia francesa.
Entenda o passo a passo
Por volta das 9h30 (04h30 no horário de Brasília), um grupo de criminosos chega ao entorno do Museu do Louvre com um caminhão guindaste;
Os ladrões se aproximam por uma área do prédio que está em obras na extremidade voltada para o rio Sena;
Com o caminhão, equipado com um elevador de carga, o grupo consegue acessar o interior do museu pela parte em obras;
Com o uso de esmerilhadeiras angulares (ferramentas elétricas de corte) para abrir as janelas, eles entraram no edifício. O destino era a Galeria de Apolo, uma ala do primeiro andar do museu que abriga uma coleção que inclui as joias da coroa francesa;
Duas vitrines foram arrombadas e os itens retirados. O Ministério ainda não confirmou exatamente quais peças foram levadas;
Após os roubos, os criminosos fugiram em scooters (pequenas motocicletas), deixando o local rapidamente;
Toda a ação durou sete minutos.
Segundo o ministro do Interior francês, Laurent Nuñez, o grupo estava armado. Porém, não há relatos de feridos até o momento.
O ministro não confirmou quais joias foram levadas, mas afirma que além do valor comercial, o ministério diz que os itens têm um valor histórico e cultural incalculável.
Informações preliminares sugerem que a gangue já é conhecida por outros crimes. A ministra da Cultura, Rachida Dati, disse à TV francesa que, na pressa de fugir, um item roubado foi encontrado embaixo do Louvre. Segundo o jornal Le Parisien, as primeiras informações indicam que se trata da coroa da imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III.
Repercussão do caso
O Louvre emitiu um comunicado avisando que o museu permanecerá fechado durante o domingo como uma medida de segurança para preservar vestígios e pistas para a investigação. O prédio também foi evacuado.
O Ministério Público de Paris já abriu uma investigação sobre o roubo das joias e disse que a extensão das perdas está sendo avaliada.
Nuñez também admitiu que há uma “grande vulnerabilidade nos museus franceses” e afirmou que as autoridades estão analisando vídeos, comparando o caso com outros roubos semelhantes e tentando fechar brechas de segurança.
“Tudo está sendo feito para que possamos encontrar os autores o mais rápido possível e estou otimista”, declarou.
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Outros roubos
O Louvre recebe até 30 mil pessoas todos os dias e abriga mais de 33 mil obras de arte. A mais famosa é a Monalisa, de Leonardo da Vinci. A peça também já foi vítima de um roubo que ocorreu em 1911, quando um funcionário italiano, Vincenzo Peruggia, que manteve a obra escondida por dois anos antes de ser preso em Florença.
Décadas depois, o museu enfrentou outros episódios marcantes, como o furto, em 1983, de duas peças de armadura renascentista que só seriam recuperadas quase 40 anos depois, e o roubo de uma espada cravejada de diamantes do rei Carlos X, em 1976.
Outro roubo de grande repercussão ocorreu em 1976, quando três ladrões invadiram o Louvre ao amanhecer e roubaram uma espada cravejada de diamantes do século XIX, pertencente ao Rei Carlos X da França.
Em 1990, uma pintura de Pierre Auguste Renoir, “Retrato de uma Mulher Sentada”, foi cortada de sua moldura e roubada de uma galeria no terceiro andar.
Brasileiros contam como saíram às pressas do Louvre: 'Foi assustador'
Os brasileiros Karen Ligeiro Schlickmann, de 31 anos, e Danilo Carvalho Gomes, de 36, estavam no Museu do Louvre, em Paris, na manhã deste domingo, 19, quando o local foi esvaziado por conta do roubo de joias da Galeria de Apolo. O casal, ambos publicitários, contou ao Estadão que percebeu uma movimentação incomum pouco depois de chegar ao museu, por volta das 9h30, horário local.
“Nós estávamos no primeiro nível do museu, indo em direção à Mona Lisa, quando percebemos uma correria no sentido contrário”, contou Danilo. “Em poucos segundos, várias pessoas começaram a descer a escada rolante para o piso inferior. Foi tudo muito rápido”.
Segundo Karen, os seguranças pediram que os visitantes evacuassem a área da Mona Lisa, sem explicar o motivo. “Eles estavam tranquilos, até com um sorriso no rosto, mas orientaram todo mundo a sair. Descemos para o saguão principal e o espaço começou a encher muito rápido. Ninguém sabia o que estava acontecendo.”
O casal chegou a visitar outras salas, entre elas a de arqueologia da Mesopotâmia, antes de novas ordens para deixar o local. “Voltamos para o saguão e já estava uma grande aglomeração. A polícia começou a entrar, ouvimos sirenes, e fomos até o balcão de informações. A resposta foi apenas: ‘Não podemos dizer nada, o museu será evacuado’”, relatou Danilo.
“Perguntei se estávamos seguros e a atendente disse: ‘Sim, vocês estão seguros, mas o museu vai fechar’”, acrescentou Karen.
De acordo com o casal, a saída foi feita de forma ordenada. “As lojas internas ainda funcionavam, mas as portas estavam fechadas. Quando saímos, vimos muitos policiais e depois, já na saída, agentes com armamento pesado, parecendo militares. Havia sirenes, turistas perdidos e muita confusão”, descreveu Karen.
Foi apenas do lado de fora que eles descobriram o que havia ocorrido. “Ninguém falou em roubo lá dentro. Só depois, olhando o Twitter e as notícias, vimos que tinha sido um assalto. A ministra da Cultura confirmou que estava no local. Aí entendemos o motivo de tudo”, disse Danilo.
Karen relatou ainda que uma outra brasileira teria comentado em uma rede social que estava na sala das joias no momento do roubo. “Ela contou que ouviu barulhos de motosserra e portas sendo arrombadas antes da evacuação começar. Disse que foi muito assustador.”
“Agora estamos tentando entender se o museu vai reabrir amanhã e se poderemos usar o ingresso. Infelizmente, nosso programa de hoje ficou incompleto”, concluiu Karen.

