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Faixa de Gaza

Familiares dos reféns acusam governo de Israel de irresponsável por ocupar Gaza

"O nosso Governo está a caminho de uma catástrofe colossal", afirmou em comunicado o Fórum de Familiares de Reféns e Pessoas Desaparecidas.

Isabel Alvarez

Publicado: 08/08/2025 às 14:44

Mulheres e crianças choram durante o funeral de palestinos mortos em ataques israelenses no sul da Faixa de Gaza no dia anterior, em frente ao Hospital Nasser em Khan Yunis, em 4 de julho de 2025. A agência de defesa civil de Gaza relatou que mais de 70 pessoas foram mortas em ataques israelenses na Faixa de Gaza em 3 de julho, enquanto Israel expandia suas operações militares no território palestino sitiado, onde quase dois anos de guerra criaram condições humanitárias terríveis para a população de mais de dois milhões de pessoas. (Foto da AFP)/ AFP

Mulheres e crianças choram durante o funeral de palestinos mortos em ataques israelenses no sul da Faixa de Gaza no dia anterior, em frente ao Hospital Nasser em Khan Yunis, em 4 de julho de 2025. A agência de defesa civil de Gaza relatou que mais de 70 pessoas foram mortas em ataques israelenses na Faixa de Gaza em 3 de julho, enquanto Israel expandia suas operações militares no território palestino sitiado, onde quase dois anos de guerra criaram condições humanitárias terríveis para a população de mais de dois milhões de pessoas. (Foto da AFP) ( AFP)

Nesta sexta-feira (8), as famílias dos reféns israelenses denunciaram a irresponsabilidade do Governo, após ter sido aprovado o plano de ocupação da Cidade de Gaza, e voltaram a exigir um acordo com o Hamas para libertação dos sequestrados.

"O nosso Governo está a caminho de uma catástrofe colossal, para os reféns e para os nossos soldados. O gabinete de segurança decidiu ontem à noite embarcar numa nova marcha de irresponsabilidade à custa dos reféns, dos soldados e da sociedade israelense", afirmou em comunicado o Fórum de Familiares de Reféns e Pessoas Desaparecidas.

O grupo representa a maioria das famílias dos sequestrados e declarou que este plano significa abandonar os reféns, além de ignorar os alertas da liderança militar e a vontade do público israelense. O Fórum reiterou o a apelo para um acordo abrangente com o Hamas que permita o fim da guerra e a libertação de todos os reféns. "Ao optar pela escalada militar em vez da negociação, estamos a deixar os nossos entes queridos à mercê do Hamas, uma organização terrorista maléfica que mata sistematicamente os reféns à fome e abusa deles", apontou o Fórum.
O gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israelita, Benjamin Netanyahu, aprovou na madrugada de ontem um plano militar de ocupação da Cidade de Gaza, no norte do enclave, que concentra cerca de um milhão de pessoas. Os comandantes das forças armadas israelenses também manifestaram relutância em implementar este plano, que passa por operar em locais onde se estima haverem 20 reféns vivos, por temerem que as milícias palestinas os executem à medida que as tropas avançam.

De acordo com o Gabinete da Organização das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), 88% do enclave palestino já está sob ordens de deslocação forçada ou se tornou uma área militarizada do exército israelense.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, instou hoje Tel Aviv a voltar atrás na decisão de ocupar a Cidade de Gaza. "Tem de haver consequências para as relações entre a União Europeia e Israel se avançar esta decisão. Esta operação, em simultâneo com a anexação ilegal e expansão dos assentamentos na Cisjordânia, a destruição de Gaza, o bloqueio à ajuda humanitária e o alastramento da fome, não só viola o acordo estabelecido em 19 de julho com a União Europeia como também subverte os princípios fundamentais da lei internacional e dos valores universais", alertou.

 

Já a Autoridade Nacional Palestina (ANP) descreveu a decisão do governo de Netanyahu como um crime absoluto e alertou para a deslocação forçada de um milhão de pessoas que já expulsos de outras áreas do enclave. “O plano representa a continuação da política de genocídio, de assassínios sistemáticos, de fome e de cerco, e uma violação flagrante do direito humanitário e das resoluções de legitimidade internacional", denunciou o governo palestino da Cisjordânia. A ANP anunciou ainda que iniciou contatos urgentes com os organismos internacionais competentes" sobre a questão, incluindo o Conselho de Segurança da ONU, a Organização de Cooperação Islâmica e o Conselho da Liga dos Estados Árabes, que visam solicitar medidas urgentes e vinculativas para pôr termo a estes crimes.

"A única maneira de pôr fim a esta tragédia e garantir a segurança e a estabilidade é permitir que a ANP, enquanto autoridade do Estado palestino assuma plenamente as responsabilidades de governação e de segurança na Faixa de Gaza", acrescentou Mahmud Abbas, presidente da ANP.

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