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Escândalo de corrupção na Argentina sugere envolvimento da irmã de Milei

A polícia cumpriu na última sexta-feira 16 mandados de buscas em casas de luxo e escritórios dos envolvidos

Isabel Alvarez

Publicado: 25/08/2025 às 13:29

Escândalo de corrupção na Argentina sugere envolvimento da irmã de Milei/Luis ROBAYO / AFP

Escândalo de corrupção na Argentina sugere envolvimento da irmã de Milei (Luis ROBAYO / AFP)

A Justiça da Argentina investiga um esquema de corrupção na Agência Nacional da Pessoa com Deficiência (ANDIS) na compra de medicamentos para o governo federal. . A investigação começou a partir da divulgação de áudios noticiados pela mídia que supostamente implicam o ex-dirigente da agência e também advogado pessoal do presidente argentino, Diego Spagnuolo, que já foi demitido após o vazamento das gravações, que acusam Karina Milei, irmã, chefe de gabinete e conselheira de Javier Milei, além do subsecretário de Gestão, Eduardo Menem, de corrupção.

A polícia cumpriu na última sexta-feira 16 mandados de buscas em casas de luxo e escritórios dos envolvidos, incluindo a sede de uma agência do Estado que atribui subsídios por deficiência, para coletar provas no âmbito. Foram apreendidos registros de contabilidade, celulares (inclusive o de Spagnuolo), computadores e ainda uma máquina para contar dinheiro na casa do advogado.

Nas gravações publicadas, feitas em sigilo, Spagnuolo alega um esquema de subornos que beneficiaria altos responsáveis governamentais, através de contratos na área da Saúde. São citadas empresas farmacêuticas, como a Suizo Argentina, que subornam Karina para que o governo compre os medicamentos necessários para as pessoas com deficiência. O então advogado de Milei expôs que estavam “roubando” a agência que lidera, que os responsáveis do alto escalão do governo argentino estão pedindo valores de 8% de suborno nos contratos às empresas farmacêuticas e que Karina receberia 3% desse valor (e o próprio Spanguolo 1%). Os valores mencionados variam de 500 a 800 mil dólares entregues por mês a Karina. "Estão fraudando a minha agência. Estão roubando, você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os WhatsApps de Karina", diz um dos áudios que circulou na imprensa local e que foi atribuído a Spagnuolo.

O advogado, além disso, comenta que contou o esquema a Milei, mas que nada foi feito. "Eles não consertaram nada", afirma no áudio, em referência a ter falado com o presidente.

O jornal La Nación descreveu que o caso se tornou um “calvário” para Javier Milei e relata pânico dentro do governo de que sujam novas gravações.

Spagnuolo foi despedido, mas a administração Milei não disse se os áudios são verdadeiros, mas acusou a oposição por tentar ‘sujar’ a imagem do governo dois meses antes das eleições legislativas argentinas. “Obvio aproveitamento político do caso, mas Milei decidiu despedir o advogado como medida preventiva”, declarou Manuel Adoni, porta-voz do presidente da Argentina.

O advogado Gregorio Dalbón que desencadeou a abertura para a investigação pediu ao tribunal que investigue Spagnuolo, Karina Milei, o subsecretário de gestão institucional do governo Eduardo “Lule” Menem (o conselheiro mais próximo de Karina) e os responsáveis da Suizo Argentina por acusações de fraude, suborno e conflitos de interesse.

No entanto, até o momento a autenticidade dos áudios não foi comprovada pela Justiça e Milei não comenta publicamente sobre o caso. Já o chefe de gabinete da Argentina assegurou que, de acordo como o presidente, Spagnuolo nunca teria aludido ao suposto suborno. A Justiça também não ordenou ainda nenhuma prisão nem foram divulgadas acusações no âmbito do sigilo judicial.

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