Conferência Internacional na ONU discute a Solução de Dois Estados
Os Estados Unidos e Israel boicotaram o evento e o classificaram de contraproducente
Publicado: 28/07/2025 às 19:42

Secretário-geral da ONU, António Guterres (foto: Maxim Shemetov / AFP)
No primeiro dia da Conferência Internacional de Alto Nível sobre a Solução Pacífica da Questão da Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, na Organização das Nações Unidas, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que a ocasião é uma oportunidade rara e indispensável. “O potencial do evento serve como um catalisador para o progresso irreversível pelo fim da ocupação e à concretização da aspiração compartilhada por uma solução viável de dois Estados”, discursou.
O líder da ONU reforçou que a solução de dois Estados, um israelense e outro palestino, continua sendo a única estrutura enraizada no direito internacional, endossada pela Assembleia Geral e apoiada pela comunidade internacional. Guterres mencionou o plano de Israel e Palestina vivendo lado a lado em paz e segurança, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, com base nas fronteiras pré-1967, com Jerusalém como capital de ambos os Estados como dita o direito internacional, as resoluções da ONU e outros acordos relevantes. “Dois Estados independentes, contíguos, democráticos e soberanos, reconhecidos por todos e totalmente integrados à comunidade internacional. Essa via é a única crível para uma paz justa e duradoura entre israelenses e palestinos. Essa é a condição essencial para a paz em todo o Oriente Médio”, afirmou.
Já o primeiro-ministro palestino, Mohammad Mustafa, defendeu que o Hamas deve abdicar do controle da Faixa de Gaza e entregar as suas armas. "O Hamas deve abdicar do seu controle sobre a Faixa de Gaza e entregar as suas armas à Autoridade Palestina", declarou Mustafa. Em consonância com os compromissos assumidos em junho pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, de governar o território, Mustafa também afirmou na Conferência que o Estado Palestino está pronto para assumir a total responsabilidade pela governação e segurança em Gaza, com o apoio árabe e internacional.
A Conferência Internacional para a Solução de Dois Estados no Oriente Médio, organizada e co-presidida pela França e pela Arábia Saudita, promove além do debate da solução de Dois Estados, com a discussão da criação do Estado da Palestina, considerada pela maioria dos membros da ONU a única solução política para a paz e a segurança na região, tem também como objetivos a reforma da governança da Autoridade Palestina, o desarmamento do Hamas e sua exclusão do governo palestino e, por fim, a normalização das relações com Israel pelos Estados árabes que ainda não o fizeram.
Os Estados Unidos e Israel boicotaram o evento e o classificaram de contraproducente.
Pelo menos 146 dos 193 países-membros das Nações Unidas reconhecem o Estado palestino. Na União Europeia são apenas cinco: Eslovênia, Espanha, Irlanda, Noruega e Suécia. Na última quinta-feira, o presidente francês Emmanuel Macron revelou que França vai reconhecer o Estado da Palestina e será o primeiro país do G7.

