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Em reação inédita, Obama responde as acusações de Trump desencadeadas pelo caso Epstein

Obama advertiu que o ataque de Donald Trump é uma tentativa fraca de distração para desviar a atenção da polêmica sobre os arquivos do caso de Jeffrey Epstein

Isabel Alvarez

Publicado: 23/07/2025 às 14:25

Em reação inédita, Obama responde as acusações de Trump desencadeadas pelo caso Epstein
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Em reação inédita, Obama responde as acusações de Trump desencadeadas pelo caso Epstein (AFP)

O gabinete do ex-presidente Barack Obama quebrou um precedente e emitiu hoje um comunicado apos às acusações do atual presidente dos EUA sobre uma "traição" que teria cometido nas eleições de 2016 e 2020. Obama advertiu que o ataque de Donald Trump é uma tentativa fraca de distração para acalmar e desviar a atenção da polêmica sobre os arquivos do caso de Jeffrey Epstein, condenado por comandar um esquema de tráfico sexual de menores e pedofilia, que se matou na prisão em 2019, e era um amigo próximo de Trump.

"Por respeito ao cargo da presidência, o nosso gabinete normalmente não dignifica com uma resposta aos constantes disparates e desinformações que saem desta Casa Branca. Mas essas alegações são ultrajantes o suficiente para merecer uma resposta. Essas acusações bizarras são ridículas e uma tentativa fraca de distração”, diz o comunicado.

 

Trump durante um encontro com o presidente filipino Ferdinand Marcos Jr. ao ser questionado pelos jornalistas voltou a atacar Obama e os democratas em relação às últimas reviravoltas no caso Epstein, uma vez que tem sido bastante criticado pelos seus apoiadores republicanos pela condução do caso, que exigem mais transparência, e as supostas teorias de conspiração criadas por ele próprio durante a campanha de 2024. Trump disse que liberaria os arquivos do processo e uma ‘lista secreta’, o que não aconteceu conforme havia prometido. Mas, agora, no entanto, o presidente diz que o documento é uma farsa, o que desagradou apoiadores. A situação gerou nas últimas semanas uma crise na base da coligação republicana e na administração norte-americana.

 

"Depois do que me fizeram, e quer seja certo ou errado, é hora de ir atrás das pessoas. Obama foi apanhado em flagrante. É disso que vocês deveriam estar realmente a falar”, acusou Trump. Tendo ainda criticado também Hillary Clinton, a sua adversária do partido democrata derrotada nas eleições presidenciais de 2016, de terem espalhado informações falsas com o objetivo de prejudicá-lo sobre uma possível ingerência russa na campanha que o levou à presidência dos EUA pela primeira vez. "O que fizeram em 2016 e 2020 é muito criminoso. Isto foi traição. Foi tudo o que se pode imaginar. Eles tentaram roubar a eleição. Tentaram confundir a eleição", alegou.

 

Em resposta a essas acusações, o gabinete de Obama criticou, além disso, as recentes alegações feitas pela diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard. Num documento de 11 páginas, divulgado na semana passada, Gabbard declarou ter provas de que funcionários da Administração Obama manipularam informações secretas e conspiraram para minar a legitimidade da vitória eleitoral de Donald Trump em 2016.

 

"Nada no documento divulgado na semana passada enfraquece a conclusão amplamente aceita de que a Rússia trabalhou para influenciar as eleições presidenciais de 2016, mas não conseguiu manipular nenhum voto. Estas conclusões foram confirmadas num relatório de 2020 da Comissão de Inteligência do Senado bipartidária, liderada pelo então presidente Marco Rubio", afirma a nota do gabinete.

 

A crise desencadeada com o caso Epstein

 

Uma expressiva parcela dos apoiadores de Trump e uma ala do partido republicano exigem publicamente mais informações e transparência sobre as práticas e os crimes sexuais de Epstein, um caso que tem sido alvo de inúmeras teorias da conspiração impulsionadas por Trump desde a morte do magnata. Isto porque Trump garantiu e prometeu após o suicídio de Epstein que divulgaria os arquivos da investigação caso retornasse à Casa Branca e nutriu a teoria da conspiração dentro do seu movimento Make America Great Again (MAGA) sobre uma lista secreta de clientes poderosos que usufruíam do esquema sexual com menores de idade chefiado por Epstein. No entanto, como não houve a revelação da lista de Epstein pelo atual governo, cuja existência também não é comprovada, muitos começaram a sugerir e acreditar que o próprio Trump estaria entre os nomes, uma vez que foi amigo e frequentava as festas na mansão de Epstein, onde em geral ocorriam os encontros sexuais com as adolescentes.

 

Em reação as criticas de seus eleitores e o enredo de ter caído na armadilha que criou e alimentou, Trump afirmou que seus apoiadores foram enganados pelos democratas e chamou-os de fracos.

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