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ONU denuncia Israel de apenas permitir acesso a Gaza em troca de silêncio

O Ministério da Saúde de Gaza acusou o exército israelense e os Estados Unidos de cometerem deliberadamente massacres contra o povo faminto de modo sistemático

Isabel Alvarez

Publicado: 17/07/2025 às 18:03

Faixa de Gaza/BASHAR TALEB / AFP

Faixa de Gaza (BASHAR TALEB / AFP)

O subsecretário-geral da Organização das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, acusou o governo israelense de condicionar a concessão de vistos para a entrada na Faixa de Gaza em troca de silêncio, denunciando ainda ameaças constantes.

"Cada vez que reportamos o que vemos, enfrentamos ameaças de acesso ainda mais reduzido aos civis que estamos tentando atender. Em nenhum outro lugar hoje a tensão entre o nosso mandato de advocacia e a entrega de ajuda é maior do que em Gaza. Os vistos não são renovados ou são reduzidos em duração por Israel, explicitamente em resposta ao nosso trabalho de proteção de civis", denunciou Fletcher.

Na reunião do Conselho de Segurança da ONU centralizada na situação humanitária em Gaza, Fletcher exigindo que Israel responda pelos mesmos princípios e leis que todos os outros Estados e reforçou que estão tentando silenciar as equipes humanitárias.

"Não temos vocabulário suficiente para descrever as condições em Gaza. Mas deixe-me partilhar os fatos: a comida está a acabar e aqueles que a procuram correm o risco de serem baleados. As pessoas estão morrendo ao tentar alimentar as suas famílias", afirmou o subsecretário-geral da ONU.

Mortos por asfixia em posto de distribuição de ajuda

Pelo menos 21 pessoas morreram, incluindo 15 por asfixia devido ao gás lacrimogêneo disparado contra palestinos na cidade de Khan Younis, no sul do enclave, que buscavam por comida num dos centros de distribuição de ajuda humanitária administrado pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG). “Pela primeira vez, foram registradas mortes por asfixia e pela intensa debandada de cidadãos nos centros de distribuição de ajuda. Foi disparado gás lacrimogêneo contra os palestinos neste centro da GHF em Khan Younis”, relataram as autoridades sanitárias locais.

Segundo a FHG, que conta com o apoio norte-americano e israelense, as mortes ocorreram devido a ação de membros do Hamas. “Pelo menos 19 vítimas foram pisoteadas e uma foi esfaqueada na sequência a uma debandada caótica e perigosa, impulsionada por agitadores na multidão. Temos razões plausíveis para acreditar que a agitação foi provocada por elementos afiliados do Hamas”, argumentou a FHG.

O Ministério da Saúde de Gaza acusou o exército israelense e os Estados Unidos de cometerem deliberadamente massacres contra o povo faminto de modo sistemático.

A distribuição parcial de ajuda em Gaza, anteriormente liderada pelas Nações Unidas, foi recentemente destinada à Fundação Humanitária de Gaza. A ONU e as principais organizações humanitárias se recusam a trabalhar com a FHG, alegando que esta serve objetivos militares israelenses e viola os princípios humanitários básicos.

A ONU classificou também o modelo de ajuda como inerentemente inseguro, descrevendo os locais de distribuição de ajuda como armadilhas mortais por causa dos episódios de violência que têm sido revelados diariamente e já que causaram quase novecentas mortes, de acordo com os últimos dados registrados pelo gabinete de direitos humanos da ONU. Desde que a FHG iniciou as suas operações, palestinos foram mortos enquanto procuravam ajuda alimentar, sendo a maioria por disparos das forças israelenses.

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