ONU faz apelo pelos 122 milhões deslocados em todo o mundo
A agência insta os doadores a continuarem a financiar os programas de assistência aos refugiados e deslocados
Publicado: 12/06/2025 às 19:10

Faixa de Gaza ( BASHAR TALEB/AFP)
O relatório divulgado nesta quinta-feira (12) da agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) aponta que cerca de 122,1 milhões de pessoas estão deslocadas devido a guerras, violência e perseguições, um recorde que quase dobra o número de 2015.
“Os números recordes, atualizados até abril, surgem num contexto de relações internacionais voláteis e de conflitos marcados por um enorme sofrimento para os civis”, afirmou Filippo Grandi, Alto Comissário do ACNUR.
A agência insta os doadores a continuarem a financiar os programas de assistência aos refugiados e deslocados, um investimento essencial para a segurança regional e mundial. Uma vez que, apesar do número de deslocados no mundo tenha quase duplicado em relação aos 65 milhões contabilizados em 2015, o financiamento da ACNUR continua quase no mesmo patamar, num contexto de cortes brutais na ajuda humanitária.
Fontes da agência indicaram nos últimos meses que, após o congelamento das contribuições dos EUA, um dos seus principais contribuintes, a ACNUR foi forçada a reduzir o pessoal em todo o mundo em aproximadamente 30%.
De acordo com o relatório da ACNUR, os conflitos no Sudão, Myanmar e Ucrânia tem apresentado um número crescente de deslocação forçada, que inclui mais de 42,7 milhões de refugiados em países que não o de origem e 73,5 milhões de deslocados internamente, de acordo com o relatório da agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).Destes refugiados e deslocados internamente, 40% são menores de idade e 7% têm mais de 60 anos.
O documento também mostra que a Síria deixou de ser o país com mais refugiados e deslocados no planeta, que são13, 5 milhões, tendo sido ultrapassada pelo Sudão, com 14,3 milhões de pessoas deslocadas pela guerra civil em curso. Já o Afeganistão ocupa o terceiro lugar, com 10,3 milhões de deslocados, e a Ucrânia a quarta posição, com 8,8 milhões.
Em termos de países de acolhimento, o Irã ocupa o primeiro lugar, com 3,8 milhões de refugiados, na maioria afegãos, seguido da Turquia que tem 3,1 milhões, em sua maioria sírios, a Colômbia com 2,8 milhões, principalmente da Venezuela, a Alemanha possui 2,7 milhões e Uganda cerca de 1,7 milhões.
Em termos relativos, o Líbano lidera a lista, com um refugiado em cada oito habitantes, seguido do Chade e da Jordânia, onde a proporção é de um refugiado em cada 16 pessoas. O relatório do ACNUR inclui ainda estatísticas relativas aos países que recebem mais pedidos de asilo, uma lista encabeçada pelos Estados Unidos com 729 mil só na primeira metade de 2024, seguidos do Egito (433 mil para todo o ano), Alemanha (229 mil), Canadá (174 mil) e Espanha (167 mil, muitos deles colombianos, venezuelanos e ucranianos).
No entanto, 9,8 milhões de pessoas, um número mais elevado do que em outros anos, regressaram ao seu país em 2024, incluindo dois milhões de sírios. Embora o regresso de deslocados seja, em princípio, uma notícia positiva, o ACNUR observa que, em alguns casos, ocorreram num contexto adverso para estas populações, como é o caso do grande número de afegãos que estão sendo forçados a voltar ao país, ainda afetados pela violência dos vizinhos Irã e Paquistão.

