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UNIÃO EUROPEIA

UE ordena que Hungria suspenda projeto de lei que viola Estado de direito

Os ministros da UE se reuniram no Conselho dos Assuntos Gerais, em Bruxelas

Isabel Alvarez

Publicado: 27/05/2025 às 21:12

Comissão Europeia /Frederick Florin/AFP

Comissão Europeia (Frederick Florin/AFP)

Cerca de vinte países da União Europeia (EU) exigiram medidas severas em relação à Hungria após considerarem um retrocesso do Estado de direito algumas ações e iniciativas do governo, que incluiu um projeto de lei da transparência que visa os meios de comunicação social e as ONGs financiadas por estrangeiros, além da proibição da marcha do Orgulho de Budapeste.

Os ministros da UE se reuniram no Conselho dos Assuntos Gerais, em Bruxelas, onde discutiram sobre o Estado de direito na Hungria, que viola legislação da UE, com a autointitulada "limpeza de primavera" do governo de Viktor Orbán. "Estamos muito alarmados com estes desenvolvimentos, que são contrários aos valores fundamentais e à dignidade humana, à liberdade, à igualdade e ao respeito pelos direitos humanos, tal como estabelecido no artigo 2 do Tratado da União Europeia", diz a declaração do bloco.

Enquanto isso, um grupo de 26 eurodeputados, de cinco grupos políticos diferentes, instou a Comissão Europeia a congelar o financiamento da UE à Hungria e enviou uma carta, dirigida ao comissário europeu para o Orçamento, Piotr Serafin, e ao Comissário para a Democracia e Justiça, Michael McGrath.

Em contrapartida, a Hungria rebateu e afirmou que a reunião foi rodeada de histeria política.

Mas, a Comissão Europeia também já prepara um confronto com o governo de Budapeste se o controverso projeto de lei da transparência for adotado, o que constituirá uma grave violação dos princípios e da legislação da UE. A Comissão Europeia ordenou que a Hungria retire o projeto, que limita o financiamento estrangeiro das ONGs e dos veículos de comunicação.

Os críticos ainda receiam que o projeto chamado de "Transparência da vida pública", vai permitir ao governo húngaro tenha amplos poderes para reprimir a imprensa e as vozes críticas da sociedade civil. A lei permitirá às autoridades registrar numa lista das ONG e desses meios de comunicação, caso o governo de Orbán considerar que constituem uma ameaça à soberania nacional, e congelar o seu financiamento. Além disso, estão previstas multas pesadas para os casos em que os fundos continuem a provir de fontes estrangeiras.

"A Comissão está muito preocupada com este projeto. Se for adotado tal como está, constituiria uma grave violação dos princípios e da legislação da UE. Por conseguinte, solicitamos que este projeto seja retirado do processo legislativo. Não hesitaremos em tomar as medidas necessárias se este projeto for adotado. A Comissão atribui grande importância ao papel da sociedade civil e continua empenhada em proteger a liberdade de associação e em promover um ambiente favorável ao seu trabalho em toda a UE, no que diz respeito ao acesso ao financiamento", declarou um porta-voz da Comissão Europeia.

O porta-voz acrescentou que em 2024, a Comissão Europeia interpôs um recurso contra a Hungria junto do Tribunal de Justiça da União Europeia devido à criação da lei "Gabinete de Soberania" cujas atividades de investigação violam o direito comunitário.

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