Sport
SPORT

Beto Lago: "Humilhação não se apaga com discursos, mas com mudança real no Sport"

O Sport terminou 2025 cruzando uma fronteira que parecia impossível: a da vergonha histórica

Beto Lago

Publicado: 08/12/2025 às 10:02

 Recife, PE, 23/11/2025 - SPORT X VITORIA - Na noite deste domingo(23), a equipe do Sport recebeu a equipe do Vitoria pelo Campeonato Brasileiro da Serie A 2025 na Ilha do Retiro. Rafael Thyere/ Rafael Vieira

Recife, PE, 23/11/2025 - SPORT X VITORIA - Na noite deste domingo(23), a equipe do Sport recebeu a equipe do Vitoria pelo Campeonato Brasileiro da Serie A 2025 na Ilha do Retiro. Rafael Thyere ( Rafael Vieira)

O Sport terminou 2025 cruzando uma fronteira que parecia impossível: a da vergonha histórica. Não se trata apenas da pior campanha de um clube nordestino nos pontos corridos. É a forma como o time se arrastou até esse abismo. É uma temporada que humilha, que corrói, que expõe uma ferida aberta em toda uma torcida que sempre carregou o clube no braço. Nada aconteceu por acaso.

A queda foi construída, tijolo por tijolo, por uma gestão incapaz de entender que o futebol não perdoa soberba. A goleada do Grêmio, na Ilha do Retiro quase abandonada, foi a ilustração perfeita do caos. Um estádio que já foi território hostil aos adversários, além de palco dos títulos nacionais de 87 e de 2008, hoje parece um cenário pós-apocalíptico. A força simbólica virou um eco triste. O encanto se perdeu, não porque o torcedor deixou de acreditar, mas porque a direção esqueceu o básico: identidade não se improvisa, respeito não se terceiriza, planejamento não se inventa na coletiva.

 

 

O Sport de 2025 foi um estudo de caso sobre como errar sistematicamente. Contratações aleatórias, mudanças de rumo sem lógica, decisões estratégicas que desafiam qualquer análise séria de futebol. Um elenco montado no improviso, um departamento de futebol que oscilou entre a teimosia e a negação, e uma comunicação que insistiu em vender esperança vazia enquanto o time sucumbia.

A queda, portanto, não é um acidente. É consequência direta. E dói. Dói porque um clube de 120 anos não deveria ser arrastado à segunda divisão por prepotência. Dói porque o torcedor avisou, gritou, implorou para que o caminho mudasse. Dói porque humilhação não se apaga com discursos, e sim com mudança real.

Resgatar a autoestima
O ano de 2026, agora, não é só um novo ciclo: é um teste de caráter institucional. Um novo presidente terá não apenas o trabalho de reconstruir o futebol e financeiro do clube, mas de resgatar a autoestima que se perdeu. A missão é enorme: devolver identidade, recuperar confiança e, sobretudo, reconectar o Sport à sua torcida. A queda é incontestável. A reação, obrigatória. Porque o Sport não pode aceitar que a humilhação vire herança.

Compartilhando a vergonha
Essa vergonha precisa engolir também os jogadores, que transformaram a camisa rubro-negra em figurino de vexame com atuações grotescas, constrangedoras e indignas. E claro, para quem comandou esse desastre: Pepa, António Oliveira, Daniel Paulista (o único que fez o time jogar em algum momento) e César Lucena – este assinando uma das passagens mais frágeis e desastrosas que o Sport já teve a infelicidade de testemunhar.

Nordeste em queda
No início do Brasileiro, o Nordeste vivia um raro momento de afirmação, com cinco clubes na Série A. Meses depois, o cenário virou um atestado de fracasso: três rebaixados, um desmoronando atrás do outro, com o futebol cearense fechando a conta da decepção. Fortaleza e Ceará despencam juntos e, agora, vão dividir com Sport e Náutico a Série B. Um retrato cru de como a região desperdiçou a chance de se consolidar no topo. Que vergonha!

Mais de Sport

Últimas

WhatsApp DP

Mais Lidas

WhatsApp DP