Beto Lago: 'Desorganização, descontrole e falta de comando'
Nesta terça-feira (25), Branquinho tomará sua decisão quanto ao comando do Sport
Publicado: 25/11/2025 às 07:49
Yuri Romão, presidente do Sport (Paulo Paiva/Sport Recife)
Na escuridão II
Ontem, o título da coluna foi “Na escuridão”. Acho que estava prevendo o que viria horas depois, com o corte da energia na sede e no Centro de Treinamento do Sport Club do Recife. Já vimos esse filme aqui no nosso futebol. Mas ver isso no Sport é de cair o queixo. Na verdade, a falta de luz é de toda uma gestão. A escuridão é muito mais profunda do que a conta de luz atrasada. É simbólica. É a metáfora perfeita de um clube que, mesmo tendo movimentado milhões ao longo do ano, conseguiu chegar ao fim da temporada apagado. E pior: não dá para esconder atrás daquele velho escudo chamado “fluxo de caixa”. Não cola. Não convence. Não explica. O que acontece hoje é desorganização, descontrole e, principalmente, falta de comando. Severino Otávio, o Branquinho, seguiu, ontem, ouvindo movimentos de oposição. Hoje, finalmente, saberemos se ele aceita o desafio. Mas sua condição é clara: eleições gerais ainda este ano. Sem atalho, sem arranjo, sem gambiarra institucional. Yuri Romão, por sua vez, falou que deixa o cargo no dia 5 de janeiro. Na prática, empurra para o Conselho a responsabilidade de montar um mandato tampão até 2026, como se o Sport pudesse se dar ao luxo de continuar improvisando o próprio futuro. E é aí que a ficha precisa cair: esta gestão não pode mais lutar contra a sua própria torcida. Não tem narrativa, não tem obra, não tem resultado que sustente o confronto. O torcedor quer mudança, quer transparência, quer alguém que pare de tratar o clube como patrimônio pessoal. O torcedor já entendeu o que muitos dirigentes insistem em não admitir: o projeto técnico fracassou, o vestiário rachou, o clube perdeu o rumo e o planejamento nunca existiu. A pior derrota não é cair de divisão; é insistir em permanecer quando você já virou parte do problema.
A coletiva de Enrico Ambrogini, depois do vexame contra o Vitória, foi o retrato da paralisia. Lamentações, justificativas e terceirização de culpa, em um discurso de quem participou diretamente do naufrágio, mas olha para o casco furado como se tivesse sido obra do acaso.
A salvação
Zé Lucas não levou o Brasil à final do Mundial, mas saiu do Catar maior do que entrou. A joia do Sport virou referência internacional de intensidade, força e leitura de jogo, arrancando elogios de jornalistas estrangeiros que não têm motivo algum para puxar saco. O capitão da Seleção pode salvar o ano financeiro do Sport.
Brasileiro com 24 times
Para Evandro Carvalho, Séries A e B deveriam ter 24 clubes. Até aí, tudo bem: ampliar o Brasileiro pode até ser saudável, aumentar visibilidade, calendário, impacto econômico. Mas o problema está no “porém”: ele defende que os grandes não deveriam ser rebaixados ano a ano. É aí que a proposta desaba. Porque não é projeto de futebol. É projeto de proteção. É um guarda-chuva para blindar quem deveria ser cobrado. Rebaixamento não é castigo, é consequência esportiva. E consequência esportiva não se manipula em laboratório administrativo. No Brasil, já existe tapetão demais. O gramado é que tem que decidir. Sempre.