Beto Lago: "Negociação de Atencio é de altíssimo risco para a vida financeira do Sport"
Por meio de investidor (a agência Elenco Sports), Sport fez um aporte de aproximadamente R$ 7 milhões para trazer o argentino Atencio
Publicado: 24/10/2025 às 07:39
Rodrigo Atencio, meia-atacante do Sport (Rafael Vieira/DP Foto)
Altíssimo risco
A reportagem da competente dupla Camila Sousa e Daniel Leal, no GE Pernambuco, expôs com clareza uma negociação de altíssimo risco para o Sport: por meio de investidor (a agência Elenco Sports) fez um aporte de aproximadamente R$ 7 milhões para trazer o jogador argentino Atencio, tido como “joia”. Até aí, investimento ousado, compreensível numa aposta para médio-prazo.
O problema é que os números revelam uma armadilha financeira. O clube vem pagando mensalmente R$ 210 mil à agência, e, se o vínculo do atleta se estender até seu término (previsto para fim de 2029), o Sport terá desembolsado cerca de R$ 12,6 milhões. Ou seja, praticamente o dobro do aporte inicial, dos quais cerca de R$ 7 milhões vão para os investidores. Só de juros já foram pagos cerca de R$ 2,6 milhões.
Mesmo com os direitos econômicos estando formalmente com o Sport, esse modelo de negócio não pode ser aceito sem questionamento. Há ainda a cláusula que obriga o Sport a adquirir os outros 30 % dos direitos junto ao clube argentino (Independiente) e, sendo negociado, o Leão teria que quitar a dívida primeiro com à agência Elenco Sports. Trata-se de uma estrutura de contrato que transfere risco excessivo ao clube, em especial num momento em que resultados esportivos e financeiros não acompanham.
Apesar do clube afirmar que “foi uma oportunidade de negócio, de um jogador que estava no radar do clube”, impressiona como todas essas revelações vêm pela imprensa. A gestão do Sport adota uma postura reativa, evita comunicação clara e transparente com o torcedor. O clube parece ter consciência das fragilidades desse tipo de operação, mas não age para preveni-las, apenas para remediar depois.
Armadilhas contratuais
Esse tipo de contratação, com risco financeiro elevado, falta de transparência, e mecanismos de dependência de terceiros (agências/investidores), pesa na parte financeira do clube. A torcida tem o direito de cobrar, sim, e de exigir clareza. O que se vê é justamente o oposto: silêncio e que falha ao blindar o clube e a torcida contra armadilhas contratuais. Se o Sport quer reajustar seu rumo, é hora de revisitar suas políticas de contratações, repensar o uso de investidores externos, e sobretudo, passar a dar como prioridade a transparência: não apenas nas finanças, mas na comunicação. A omissão não protege o clube. Ela o condena.
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Dois candidatos no Náutico?
Os bastidores do Náutico seguem fervendo, e o clima político promete ser de tensão. Tudo indica que o clube caminha para um novo bate-chapa, desta vez entre Bruno Becker, o atual presidente, e Edno Melo, ex-presidente. Dois nomes que representam, cada um à sua maneira, o mesmo ciclo de vícios e promessas não cumpridas que o Náutico insiste em reviver.
Terceira via?
Fala-se ainda em uma possível “terceira via”, mas até agora nada que pareça romper de fato com o velho modelo. Seria uma candidatura para dividir votos ou apenas uma vitrine pessoal para o futuro? A dúvida paira. O que o Náutico precisa é de um projeto novo, com ideias e práticas modernas, não de repetições travestidas de mudança. Enquanto isso, o tabuleiro político segue em movimento, mas as peças, ao que tudo indica, continuam sendo as mesmas.