Organização quer pena máxima a Dudu por episódio de misoginia contra Leila Pereira
A defesa do jogador entrou com efeito suspensivo no dia do julgamento
Publicado: 22/07/2025 às 20:58

Dudu, atacante do Atlético (Pedro Souza / Atlético)
Por Ricardo Magatti
A União Brasileira de Mulheres (UBM) protocolou recurso na 5ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal da Justiça (STJD), nesta terça-feira, e solicitou a ampliação da pena de Dudu no caso em que o jogador foi denunciado e punido por episódio de misoginia contra Leila Pereira, presidente do Palmeiras.
A organização quer que a pena máxima seja aplicada ao atleta, com dez partidas de suspensão em vez de seis (uma já foi cumprida) e a ampliação do valor da multa de R$ 90 mil para R$ 100 mil.
Foi a UBM, uma entidade que atua a favor dos direitos das mulheres, a responsável por denunciar primeiramente Dudu no STJD Por isso o órgão pôde entrar com recurso no caso em que a presidente do Palmeiras é parte interessada.
"Pelo julgamento realizado evidenciou-se a gravidade do fato, que impactou não só o conjunto das mulheres, mas a sociedade como um todo", argumenta Carlos Nicodemus, advogado da UBM, ao Estadão. "Não pode o jogador denunciado se privilegiar de atenuantes que mitigam uma punição proporcional à infração que tem contornos de misógina."
Trata-se do primeiro recurso da UBM, que, segundo Nicodemus, irá ao Pleno do STJD, caso o pedido não seja aceito. A organização também solicitou que o jogador se retrate publicamente.
O atleta foi denunciado no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que fala sobre punição a quem praticar ato discriminatório. Ele pegou seis partidas de suspensão, além de multa de R$ 90 mil.
A defesa do jogador entrou com efeito suspensivo no dia do julgamento, sexta-feira da semana passada, mas só teve resposta do STJD na segunda. O tribunal reduziu parcialmente a pena, tirando apenas a obrigação do pagamento da multa. Ele segue sem poder jogar nos cinco próximos jogos do Atlético Mineiro.
Dudu enviou um vídeo gravado com pedido de desculpas em vez de ir ao julgamento na última sexta-feira, no Rio. A ausência foi questionada por Leila Pereira, que afirma ter sido ofendida pelo atleta pelo fato de ser mulher. Ela chamou o atacante de covarde "Vem aqui, vem encarar uma mulher", havia dito.
Em janeiro deste ano, já depois de deixar o Palmeiras, ele fez um publicação com ofensas à presidente palmeirense. "O caminhão estava pesado e mandaram eu sair pela porta dos fundos. Minha história foi gigante e sincera, diferente da sua, senhora Leila Pereira. Me esquece, VTNC", escreveu o jogador.
"A punição aplicada hoje pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva é histórica e representa uma vitória para todas nós, mulheres, que somos covardemente agredidas e desqualificadas todos os dias", celebrou a presidente do Palmeiras após o julgamento.
"Esta pena tem caráter pedagógico, pois passa um recado claro para o mundo do futebol e toda a sociedade: a violência contra a mulher é inaceitável e tem de ser coibida com punições rigorosas Nós não vamos nos calar."

