Interior
COLUNA BETO LAGO

Beto Lago: 'América na Série A2: É preciso ousar, mas com os pés no chão'

A segunda divisão do Campeonato Pernambucano se inicia neste sábado (30)

Beto Lago

Publicado: 28/08/2025 às 08:10

O América foi campeão da Série A3 do Pernambucano de 2024/Divulgação/ América

O América foi campeão da Série A3 do Pernambucano de 2024 (Divulgação/ América)

América ousado
A Série A2 do Pernambucano começa neste fim de semana e traz de volta um clube histórico do nosso futebol: o América. Seis vezes campeão estadual e dono de uma camisa tradicional, o Mequinha tenta, mais uma vez, voltar ao protagonismo. A diferença é que, agora, chega estruturado como poucos já se viram no cenário do futebol pernambucano. Em conversa com Wagner Mendes, um dos investidores e que responde pela área de marketing, pude verificar que o trabalho de profissionalização do clube tem um pouco de ousadia, mas com os pés no chão. Depois de décadas de lampejos e resistindo no futebol de base e divisões menores, o alviverde entendeu que a única saída para sobreviver e crescer é a profissionalização. Com a criação da SAF, o América começa a respirar outros ares: gestão com metas de médio e longo prazo, planejamento financeiro e ousadia no mercado. A meta está traçada – recolocar o clube na Série C até 2033. No curto prazo, a aposta é clara: fazer parte da elite do Estado em 2026. Para isso, o América montou um elenco forte para o padrão da divisão, com folha salarial que ultrapassa os R$ 200 mil mensais – provavelmente a maior da competição. Em um torneio sempre marcado por elencos modestos, essa diferença pode ser determinante. Como bem disse Wagner Mendes, a ideia é construir um projeto a longo prazo, mas com um crescimento sustentável. Missão árdua e difícil para quem vive do futebol em nosso País.

Futebol africano
Outro diferencial do projeto é o mercado internacional. Enquanto a maioria dos clubes se limita a contratações regionais, o América decidiu investir no continente africano, atraindo jovens talentos em busca de projeção. Jogadores da Nigéria e do Congo já desembarcaram em Olinda, caso do atacante nigeriano Samuel Otusanya, que tem 60% dos direitos presos ao América e hoje atua pelo Náutico. Esse modelo de garimpo, aliado a parcerias com academias de base, pode se transformar em fonte de receita importante para o clube.

Um CT para investir na base
A ousadia também aparece fora das quatro linhas. O América estuda a construção de um moderno Centro de Treinamento, que servirá para revelar jogadores da base. Por enquanto, o time treina no Grito da República, em Olinda, mas deve mandar seus jogos na Arena de Pernambuco, reforçando a ideia de profissionalização e dando visibilidade maior ao projeto.

Campeão nas três divisões
Caso consiga o título, o América escreverá uma página curiosa: será o primeiro clube a conquistar os campeonatos em todas as divisões (A1, A2 e A3). Façanha que mostra resiliência de quem nunca deixou de existir, mesmo com décadas de ostracismo. Mais do que uma reconstrução, o América é um laboratório de futuro. Aposta em SAF, pensa em CT moderno, investe em africanos e projeta calendário nacional em menos de dez anos. Ambicioso? Sem dúvida. Realista? Só o tempo dirá. Mas, em um cenário de clubes tradicionais endividados e sem rumo, ver o Mequinha sonhando alto já é, por si só, um sopro de esperança.

Mais de Interior