Produção de coco no Sertão pernambucano é destaque
Em Petrolina, faturamento pode chegar a R$ 150 mil por 50 hectares; já Petrolândia foi a cidade que mais produziu a fruta em 2024, segundo pesquisa do IBGE
Publicado: 14/09/2025 às 21:00

Produção do coco em Petrolina pode chegar a R$ 150 mil por 50 hectares (Foto: Thatiany Lucena/DP)
Petrolina (PE) - Conhecida pelo cultivo da uva, Petrolina, no Sertão pernambucano, se destaca também por uma produção que no imaginário popular estaria no Litoral: o coco. Os produtores podem chegar a um faturamento médio de até R$ 150 mil por 50 hectares.
“São 70 produtores que participam da cadeia e fornecem água de coco para a indústria. As fazendas do grupo fornecem cerca de 25 a 30% do volume da indústria. Todo o restante vem de parcerias com produtores locais”, afirma o gerente agrícola da Pepsico, Alexsandro Castro.
De acordo com Castro, as plantações de coco podem chegar a uma média de 61 mil frutos por ano, por hectare. Ele explica que, em média, o produtor de coco pode chegar a faturar de R$ 2.700 a R$ 3.000 por hectare. Na região, os produtores chegam a ter plantações que variam entre 6 e 50 hectares.
De acordo com dados da Pesquisa da Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2024, a cidade de Petrolândia chegou a ocupar o 1º lugar no ranking de cidade que mais produziu coco. No ano passado, o município produziu 162 mil toneladas, no valor de R$ 113,4 milhões.
Produtor de coco de Petrolândia, cidade vizinha de Petrolina, Rogério Novaes destaca a potência da produção da fruta para a região. “Na nossa cidade, a agricultura representa 70% do PIB, que vem do coco. Temos duas indústrias aqui, uma envasadora e a outra que utiliza o coco maduro, de forma artesanal”, afirma.
Apesar disso, ele destaca que a produção do coco precisa de atenção dos governos, uma necessidade que se estende desde quando foi construída na cidade a Barragem Luiz Gonzaga. “Hoje temos reassentamentos, em torno de 4 a 5 mil hectares irrigados e cerca de 70% dessa área (perímetros irrigados) é destinada ao coco, mas infelizmente, por falta de recursos do Governo Federal, apenas 30% está em funcionamento. Muitos irrigantes não possuem título de posse e isso impede que os produtores possam dar um passo maior”, destaca. Ainda segundo ele, a região tem uma área de expansão nas margens do Rio São Francisco que tem capacidade de crescer ainda mais.
Incremento produtivo do cacau
O início da colheita de cacau no Vale do São Francisco, em Petrolina, deve aumentar a renda de cerca de 30 produtores que já cultivam o coco na região. Com o objetivo de ampliar o potencial do local para viabilizar novas produções, o cultivo do cacau começou em 2022, com a colheita já iniciada no segundo semestre de 2025
A empresa Pepsico possui duas fazendas próprias na cidade, com 330 e 140 hectares, onde o coco é cultivado, além de parcerias com produtores que recebem apoio da empresa em projetos sociais e técnicas agrícolas sustentáveis. Com o objetivo de aumentar essa cadeia produtiva, em 2022, a Pepsico iniciou o projeto piloto do Consórcio Coco-Cacau.
No local, o cacau é plantado nas sombras dos coqueiros, que se beneficiam também da matéria orgânica originada da queda das folhas. Após três anos de testes e clonagens, as plantações já começaram a gerar frutos, mas apenas no final de 2025 a empresa planeja concretizar os primeiros números.
Segundo o gerente agrícola da empresa, Alexsandro Castro, o faturamento dos produtores pode chegar a ser duplicado com o incremento da produção de cacau em Petrolina. “Todo o desenho em torno da produção de cacau e coco foi criado com o intuito de tentar ajudar a cadeia produtiva dos produtores que trabalham com a Pepsico. A ideia é promover esse crescimento da cadeia de de cacau, fazendo com que ele tenha o contato direto com a produção. A Pepsico vai ajudar o produtor a entender o novo mercado e auxiliá-lo nesse processo”, destaca.
A empresa compra cerca de 120 mil toneladas de coco verde por ano. Deste total, são originados de 70 pequenos produtores agrícolas de Pernambuco e da Paraíba. Já o restante é produzido nas próprias fazendas, em cerca de 500 hectares, que emprega cerca de 140 funcionários.
Segundo dados disponíveis no painel de produção da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), em 2023, Pernambuco produziu 245.832 toneladas do coco, classificado como coco-da-baía. O fruto representou 12,72% da produção total no Brasil. De acordo com o ranking da associação, neste ano o estado foi o terceiro que mais produziu o fruto, ficando atrás da Bahia (387.404 Ton) e do Ceará (519.037 Ton).
* A repórter viajou a convite da Pepsico

