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IPCA tem queda de 0,11% em agosto; é 1ª deflação em um ano, diz IBGE

Dados sobre a inflação no Brasil foram divulgados, nesta quarta (10), pelo IBGE. Ainda segundo o instituto, em julho de 2025, o índice tinha ficado em 0,26%.

Diario de Pernambuco

Publicado: 10/09/2025 às 11:09

Dinheiro gasto em ações para infância foi alvo de análise/Divulgação

Dinheiro gasto em ações para infância foi alvo de análise (Divulgação )

Em agosto deste ano, a inflação oficial do Brasil ficou negativa, segundo dados divulgados, nesta quarta (10), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IBGE informou que os preços ficaram mais baratos em média, uma vez que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês em -0,11%.

Ainda segundo o instituto, em julho de 2025, o índice tinha ficado em 0,26%.

Essa inflação negativa é a primeira registrada desde agosto de 2024 (-0,02%) e a mais intensa desde setembro de 2022 (-0,29%).

Acumulado

 Com o resultado de agosto de 2025, o acumulado de 12 meses chegou a 5,13%, abaixo dos 5,23% dos 12 meses terminados em julho, mas ainda acima da meta do governo, de até 4,5%.

A conta de luz recuou 4,21% no mês, representando impacto negativo de 0,17%, figurando como o subitem que mais puxou a inflação para baixo.

Com isso, o grupo habitação recuou 0,90%.Esse recuo nesse conjunto de preços foi o maior para um mês de agosto desde o início do Plano Real, em 1994.

Explicação

A explicação está no chamado Bônus de Itaipu, desconto na conta que beneficiou 80,8 milhões de consumidores. Conforme adiantou a Agência Brasil,a bonificação compensou a bandeira tarifária vermelha 2, que adiciona R$ 7,87 na conta e luz a cada 100 Kwh consumidos.

No entanto, o gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, antecipou que haverá “devolução” dessa deflação na conta de luz em setembro, uma vez que as faturas não terão mais o desconto. “No mês que vem, terá variação mais alta".

Bebidas e comidas

O grupo alimentação e bebidas (-0,46%) caiu pelo terceiro mês seguido. O de transportes (-0,27%) também ajudou a deixar o IPCA negativo.

Nesses três meses, os alimentos acumularam queda de -0,91%. O de transportes (-0,27%) também ajudou a deixar o IPCA negativo.

Fernando Gonçalves calcula que os grupos habitação, alimentação e transportes somados representam -0,30 p.p. na inflação. “Sem eles, o resultado do IPCA de agosto ficaria em 0,43%”, diz.

Outros grupos
Os grupos comunicação e artigos de residência também tiveram deflação, os dois com-0,09% de variação e impacto nulo (0 p.p.) no índice.

Nos demais grupos, os preços subiram em média: educação (0,75%), saúde e cuidados pessoais (0,54%), vestuário (0,72%) e despesas pessoais (0,40%).

O índice de difusão, ou seja, o percentual dos 377 subitens que tiveram alta de preço ficou em 57% em agosto. Em julho, o índice tinha sido de 50%. Mas observados apenas os índices alimentícios, o índice de difusão caiu de 50% para 47% na passagem de julho para agosto.

A terceira queda seguida no grupo alimentação foi influenciada pela alimentação dentro de casa, que recuou 0,83%. O IBGE explica que a maior disponibilidade de produtos provocou queda de preços, com destaque para tomate (-13,39%), manga (-18,40%), arroz (-2,61%), café moído (-2,17%), mamão (-10,9%), batata-inglesa (-8,59%) e cebola (-8,69%).

Segundo Gonçalves, não é possível calcular se o tarifaço americano, iniciado em agosto, ajudou na derrubada desses preços. O menor envio de frutas brasileiras para os Estados Unidos pode ter contribuído para oferta maior desses alimentos aqui no Brasil, ajudando a baixar preços.

Já a alimentação fora do domicílio, que tinha subido 0,87% em julho, desacelerou para 0,50% em agosto.

Transportes
A deflação no grupo transporte (-0,27%) é explicada pelo preço das passagens aéreas, que ficaram 2,44% mais baratas em agosto, mês seguinte ao julho de férias escolares, quando a alta demanda joga os preços para cima.

Os combustíveis também recuaram (-0,89%).A gasolina, item com maior peso na cesta de produtos e serviços pesquisada pelo IBGE, baixou 0,94% em média, figurando como segundo subitem de maior impacto negativo (-0,05 p.p.) no IPCA.

O etanol (-0,82%) e o gás veicular (-1,27%) também caíram, enquanto o óleo diesel subiu 0,16%.

O gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, explica que a queda no preço da gasolina pode ser explicada pela nova determinação de mistura do etanol na gasolina, que subiu de 27% para 30% do produto final a partir de agosto.

Educação
A alta de 0,75% do grupo educação em agosto é a maior para o mês desde 2016 (0,99%). A explicação está no reajuste de mensalidades nos cursos regulares (0,80%), principalmente por conta do ensino superior (1,26%) e ensino fundamental (0,65%). Aalta dos cursos diversos (0,91%) foi influenciada pelos cursos de idiomas (1,87%).

Gonçalves explicou que é comum alta nesse grupo em agosto, assim como acontece nos meses de fevereiro, também marcado por reajustes anuais.Em fevereiro de 2025, o encarecimento foi 4,7%.

Serviços e preços controlados
O IBGE separa os preços em dois grupos: serviços e preços monitorados. Os serviços são ligados a preços que acompanham a dinâmica da economia. Nesse grupo, oIPCA desacelerou de 0,59% para na passagem de julho para agosto.

 Nos preços monitorados, que costumam ter os reajustes controlados pelo governo ou por contratos e não refletem diretamente o aquecimento ou esfriamento da economia, ainflação passou de 0,67% para 0,61%.

Inflação oficial
O IPCA apura o custo de vida para famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos. Atualmente o valor do mínimo é R$ 1.518.

A coleta de preços do IPCA é feita em dez regiões metropolitanas - Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre - além de Brasília e nas capitais Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

O índice é a principal métrica para acompanhamento da política de metas de inflação.A meta atual estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, um intervalo de 1,5% a 4,5%.

Desde o início de 2025, o período de avaliação da meta é referente aos 12 meses imediatamente passados e não apenas o alcançado no fim do ano (dezembro). A meta só é considerada descumprida se estourar o intervalo de tolerância por seis meses seguidos, o que aconteceu em junho.

 

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