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Tarifaço: fortalecimento das relações com a Índia pode ser ser saída para o Brasil

Especialista sugere o aumento da relação comercial do Brasil com a Índia como forma de compensar as perdas brasileiras no tarifaço dos EUA. Países realizaram reunião do Brics nesta segunda (8)

Thatiany Lucena

Publicado: 08/09/2025 às 21:45

Presidente Lula durante videoconferência com os Brics/Foto: Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula durante videoconferência com os Brics (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

As estratégias para ampliar as relações comerciais foi tema de reunião virtual entre os países membros do Brics nesta segunda-feira (8). De acordo com o economista, doutor em economia e professor da FIA Business School, Paulo Feldmann, o fortalecimento das relações comerciais do Brasil com os países do grupo, principalmente a Índia, pode ser uma saída para equilibrar as perdas com a taxa de 50% nas exportações para os Estados Unidos.

Segundo Feldmann, o momento é oportuno para que os países comecem a estreitar as suas relações comerciais, que ainda são pequenas. “A Índia é um mercado enorme, pois é o país mais populoso do planeta, com uma população maior do que a China. É uma oportunidade excelente para o Brasil porque ainda é um mercado pouco explorado. O nosso país é o mais competitivo do mundo na agricultura e em minerais. Temos condições de vender mais produtos para a índia como milho, trigo, soja e açúcar”, aponta. Ainda segundo ele, no caso do minério de ferro, por exemplo, o país pode ser também um comprador importante do Brasil.

Para o economista, além de serem países democráticos, diferente da maioria dos países do Brics, o Brasil e a índia também compartilham outra coisa em comum: são os países com as tarifas para exportação mais altas no tarifaço, ambos com 50% sobre as exportações aos Estados Unidos.

“O Brasil e a Índia certamente não vão gostar se o Brics partir para medidas autoritárias. Então os países precisam estar juntos mesmo, caso isso venha a acontecer. Principalmente agora, depois de todas as medidas de Trump nos Estados Unidos, essa é uma oportunidade enorme para o Brasil e a Índia se juntarem e venderem mais um para o outro”, analisa. Ele indica que essa aproximação comercial pode ser uma solução para compensar os impactos do tarifaço ao Brasil.

 

Relações comerciais entre os Brics

De acordo com Feldmann, os posicionamentos recentes do presidente Lula indicam que o governo federal deve seguir a estratégia de estreitar as relações comerciais. Segundo ele, essa é a hora correta para os países do Brics darem uma atenção maior às trocas comerciais, pois o grupo não existia com essa intenção. “Se o Brics souber aproveitar o momento, ele pode passar a virar um grande bloco comercial”, afirma Feldmann, que destaca ainda a potência dos Brics, que representam metade da população mundial.

O economista explica que, entre os países do Brics, a China, que já é o principal parceiro comercial do Brasil, deve também reforçar as relações com o país. Inclusive, ele indica que isso é algo que já está acontecendo porque o governo brasileiro tem incentivado uma aproximação ainda maior com o país.


Críticas de Lula à OMC

Durante a reunião com a cúpula dos Brics, o presidente Lula reforçou o discurso sobre uma possível reforma na Organização Mundial do Comércio (OMC) como forma de aumentar a regulamentação no livre comércio entre os países e ser mais incisiva em relação ao tarifaço imposto por Donald Trump.

De acordo com o economista, essa estratégia não deve dar certo, pois a OMC é sustentada pelos Estados Unidos. “A OMC dificilmente aprovaria medidas que o Brasil propõe para tornar a OMC mais atuante contra os Estados Unidos. Os EUA têm um poder muito grande por conta das contribuições, o país sustenta a organização financeiramente”, analisa.

Ainda segundo o economista, o próprio presidente do Brasil reconhece que a OMC não vai fazer nada porque é muito influenciada pelos Estados Unidos. “O Brasil não vai conseguir ter uma liderança sobre os países da OMC como ele tem sobre o Brics”, conclui.

 

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