Drama de Lígia em 'Três Graças' espelha rotina de pacientes com Hipertensão Arterial Pulmonar
Personagem da novela 'Três Graças', encenada por Dira Paes, joga luz sobre doença que exige maior conscientização da população e dos profissionais de saúde
Publicado: 05/11/2025 às 13:55
Lígia (Dira Paes) (Foto: Globo/ Estevam Avellar)
Em Três Graças, Lígia (Dira Paes) é a matriarca da família Maria das Graças na nova novela das nove. No folhetim, criado e escrito por Aguinaldo Silva, Virgílio Silva e Zé Dassilva, a personagem sofre de uma grave doença chamada Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP).
Mãe solo, ela encarou de cabeça erguida os desafios de criar Gerluce (Sophie Charlotte) sem o apoio de Joaquim (Marcos Palmeira), um sujeito solitário, de comportamento esquisito, que nunca quis assumir a paternidade.
Mulher doce, resiliente e com grande capacidade de enfrentar adversidades, Lígia precisou se afastar do trabalho como cuidadora de Josefa (Arlete Salles) por causa desse problema de saúde.
Assim como na trama, os primeiros sintomas da HAP na vida real – falta de ar ao esforço, cansaço excessivo e dor no peito – são comuns e facilmente confundidos com outras condições, como asma ou problemas cardíacos. De acordo com a Dra. Márcia Datz Abadi, diretora médica da MSD Brasil, esse caráter inespecífico é uma das maiores barreiras.
"As pesquisas mostram que, em média, os pacientes levam de 7 a 12 meses para procurar um médico após os sintomas iniciais, e o tempo médio para o diagnóstico é de quase dois anos", explica a Dra. Márcia. No contexto latino-americano, o Brasil se destaca relativamente bem, com o menor tempo para o diagnóstico correto (14 meses) e a menor taxa de diagnósticos incorretos (44%).
A trama de Lígia também joga luz sobre o impacto psicossocial da doença. As pesquisas da MSD evidenciaram que cerca de 80% das mulheres com HAP apontam a depressão como um dos principais desafios. A doença, de fato, é mais prevalente em mulheres, especialmente em idade fértil.
"A influência do hormônio estrogênio e uma maior incidência de doenças autoimunes no sexo feminino, como lúpus e esclerodermia, são hipóteses para essa diferença", complementa a Dra. Márcia.
Para mudar essa realidade, a atenção primária é identificada como peça-chave. "É a porta de entrada do paciente. Capacitar esses profissionais para reconhecer os sinais de alerta e agilizar o encaminhamento a especialistas é fundamental", defende a médica.
Nêmora também vê a ficção como uma aliada poderosa. "Com a HAP em destaque na novela, temos uma oportunidade única de conscientização. Ampliar o conhecimento sobre a doença é o primeiro passo para melhorar o diálogo sobre as necessidades dos pacientes e o acesso aos melhores tratamentos".
Dessa forma, a história de Lígia em Três Graças vai além do entretenimento, cumprindo um importante papel social ao educar o público sobre uma condição de saúde complexa, cujo diagnóstico precoce pode salvar vidas.