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Estudo desmente mais uma vez mito que atribui vacinas infantis ao autismo

Ativistas antivacina propagam teorias e conspirações argumentando que as vacinas causam autismo em crianças

Isabel Alvarez

Publicado: 22/07/2025 às 12:48

O novo estudo concluiu que as vacinas que contêm alumínio não aumentam o risco de problemas de saúde como a perturbação do espectro do autismo, a asma ou as doenças autoimunes/Foto: Freepik

O novo estudo concluiu que as vacinas que contêm alumínio não aumentam o risco de problemas de saúde como a perturbação do espectro do autismo, a asma ou as doenças autoimunes (Foto: Freepik)

Um respeitável estudo realizado na Dinamarca é o mais recente a confirmar mais uma vez os benefícios da vacinação infantil de rotina e a desmentir, novamente, a ideia do mito que se criou que vacinas causam autismo. Os cientistas dinamarqueses investigaram este fato no último estudo, publicado nos Annals of Internal Medicine, que incluiu mais de um milhão de crianças nascidas no país entre 1997 e 2018.

O novo estudo concluiu que as vacinas que contêm alumínio não aumentam o risco de problemas de saúde como a perturbação do espectro do autismo, a asma ou as doenças autoimunes. Um dos autores do estudo e investigador de vacinas no Statens Serum Institut (SSI) da Dinamarca, Niklas Andersson, descreveu os resultados como tranquilizadores. "Não encontramos nada que indique que a quantidade muito pequena de alumínio usada no programa de vacinação infantil aumente o risco de 50 problemas de saúde diferentes na infância", afirmou.

Os investigadores também atestaram que os resultados devem ser utilizados para dissipar a desinformação sobre as vacinas, que se tornaram um ponto de discussões e controvérsias políticas e ideológicas nos últimos anos, em especial durante a pandemia de Covid-19.

As autoridades de saúde acusam estas falsidades de terem conduzido a um crescimento do número de pais que optam por não permitir que as crianças tomem as vacinas de rotina, deixando uma abertura para a volta de doenças evitáveis, como o sarampo, que já foram inclusive erradicadas em diversos países que seguem a cobertura vacinal.

Mas, apesar de a teoria ter sido desacreditada em muitos estudos em todo o mundo, o mito ainda persiste.

A hipótese da associação de vacinas e autismo surgiu trinta anos atrás apos um estudo ter sido publicado, e mais tarde retratado, numa importante revista médica em 1998. A teoria que as vacinas causam autismo ganhou terreno no início dos anos 2000, depois do médico britânico Andrew Wakefield ter publicado um artigo especulando que a vacina contra o sarampo, a papeira e a rubéola (MMR) podia causar autismo.

O estudo estava repleto de falhas metodológicas e de dados falsificados, e foi posteriormente reconhecido o erro havendo uma retratação pública. Wakefield, que ganhou dinheiro com processos judiciais movidos contra fabricantes de vacinas, também foi destituído da licença médica. Mesmo assim, as suas ideias foram convincentes para alguns pais que notaram que os filhos mostraram sinais de autismo após receberem a vacina MMR, o que se provou, mais tarde, se tratar de uma mera coincidência.

Atualmente, ainda há ativistas antivacinas que propagam esta teoria e conspirações correlatas argumentando que o alumínio usado nas vacinas infantis, em quantidades residuais para aumentar a sua eficácia, não é seguro.

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