Inadimplência cada vez mais alta
Número de consumidores inadimplentes, ou seja, com dívidas atrasadas, aumentou 26,1% desde 2015
Publicado: 28/10/2025 às 10:47
Ecio Costa (Reprodução)
O número de brasileiros com dívidas atrasadas cresceu 8,9% em apenas um ano e 26% em dez anos. O Brasil chegou a 71,86 milhões de consumidores endividados no mês de setembro, uma alta de 8,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse número de consumidores inadimplentes, ou seja, com dívidas atrasadas, aumentou 26,1% desde 2015, segundo dados do Indicador de Inadimplência de Pessoas Físicas da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil.
O levantamento mostra que o Brasil tinha, no mês de setembro, um número recorde de 71,86 milhões de pessoas físicas negativadas, correspondendo a 43,1% da população adulta do país. Em setembro de 2015, eram 57 milhões de inadimplentes, o que representava 38,8% dos brasileiros com idade entre 18 e 95 anos.
O número de brasileiros com obrigações financeiras em atraso teve um crescimento anual de quase 9%, impulsionado principalmente pelo aumento das dívidas com tempo de atraso entre 3 e 4 anos.
Esse tipo de obrigação representou 20,4% dos pagamentos atrasados no país, ficando atrás apenas das dívidas de 1 a 3 anos, que correspondem a 36% do total.
Em setembro, os brasileiros negativados deviam, em média, R$ 4.801,45 na soma de todas as dívidas. Cada consumidor devia, em média, para 2,22 empresas credoras. Três em cada dez devedores tinham dívidas de até R$ 500 e, considerando as de até R$ 1.000, esse percentual chegava a 43,6%.
Quanto à idade, 23,5% dos devedores tinham entre 30 e 39 anos. Em seguida, aparecem os de 40 a 49 anos, com 21,1%, e os de 50 a 64 anos, com 20,1%. Somando a faixa principal dos trabalhadores, de 30 a 49 anos, a inadimplência atingiu 44,6%. A participação por sexo é equilibrada, com 51,18% de mulheres e 48,8% de homens.
Regionalmente, o Centro-Oeste apresentou o maior percentual da população adulta inadimplente, com 46,6%, seguido pela região Norte, com 46%; região Nordeste, com 43,7%; região Sudeste, com 43,2%; e, por último, a região Sul, com 38,4%.
Esse problema de inadimplência estrutural tem muito a ver com a prevalência de dívidas de baixo valor, mas com impacto acumulado alto, além de uma reincidência muito elevada, ou seja, as pessoas se endividam e se tornam inadimplentes com frequência, e uma recuperação que não acompanha o aumento do estoque de débitos desses endividados.
Além disso, nesse último ano houve uma grande facilitação no acesso ao crédito, principalmente de empréstimos consignados, mas também de outras fontes com taxas de juros muito altas.
O fácil acesso ao crédito, com quase nenhuma educação financeira e um poder de compra afetado por preços altos de diversos produtos, medidos pela inflação, tem estrangulado cada vez mais o orçamento do trabalhador brasileiro e levando-o à inadimplência.